Uma atriz adolescente molestada por anões em um set de filmagens. A nova namorada de um ator famoso recém-divorciado de uma estrela igualmente famosa.
A morte por causas suspeitas de uma celebridade na noite de Natal. Cachorros. Gatinhos fofos. Doenças. Sexo. Crimes. Futebol.
Boa parte dos jornalistas, nos dias de hoje, trabalha acompanhando o fluxo dos interesses dos leitores em tempo real. Os gráficos nos dizem se um assunto está em alta ou em baixa, se uma notícia importante de Brasília desperta mais ou menos interesse do que um bate-boca no Twitter, se um personagem chama atenção mesmo quando está apenas atravessando a rua no Leblon e se o assunto do dia foi o saque do FGTS, a fuga de presos, o avião que caiu.
Todas essas informações ajudam os jornalistas a conhecer melhor os seus leitores, mas mesmo quem não trabalha com jornalismo acaba tendo insights parecidos apenas acompanhando as postagens mais populares nas suas redes sociais. Depois de algum tempo, não é muito difícil adivinhar o que tem potencial para "bombar". Com pequenas variações, que em grande escala tornam-se quase desprezíveis, temos comportamentos muito parecidos – e previsíveis. Mais do que a nossa autoestima gostaria de acreditar.
Entre outras coisas, somos uma espécie curiosa e emotiva. Gostamos de aprender coisas novas e de ser surpreendidos por fatos inusitados. Adoramos piadas, histórias de superação, assuntos picantes. Queremos notícias que nos mostrem que a vida não está tão ruim como parece e que ainda existem heróis e heroínas dispostos a qualquer sacrifício para fazer o bem, mas também ficamos felizes quando temos bons motivos para nos sentirmos inteligentes, justos e moralmente superiores. Acima de tudo, temos uma atração quase irresistível por fofoca.
Há uma teoria de que foi exatamente por causa da necessidade de fofocar que a espécie humana desenvolveu a linguagem. Faz sentido. Se somos uma espécie essencialmente gregária e desde o início dependemos das pessoas que estavam em volta para sobreviver – família, amigos, vizinhos, conhecidos –, era vital saber quem estava a fim de quem, quem era ponta firme na hora do perrengue e quem aparentava uma certa tendência à trairagem. O que a vida nas comunidades virtuais nos ofereceu foi uma quantidade de informação sobre todos em volta tão grande, que nem sempre somos capazes de processar – e suportar. Mas a fofoca continua a ser tão essencial para a nossa espécie quanto voar é para os pássaros.