Faz algumas semanas que discutíamos em uma reunião de pauta da Rádio Gaúcha como chamar atenção do ouvinte para um tema importantíssimo nas eleições e na vida na internet, que é a inteligência artificial. Os repórteres Lucas Abati e Gabriel Jacobsen estão desde então estudando sobre o tema e entendendo como os túneis digitais funcionam na escuridão, ou o termo em inglês conhecido, a deepfake. O resultado foi uma abertura do Gaúcha Atualidade, programa que apresento na rádio, com minha voz feita por ferramentas de IA (confira no vídeo acima).
Para nossa surpresa, a maioria dos ouvintes acreditou que era eu. Embora tenha achado que havia algo estranho, meu pai precisou aumentar o volume do rádio. Até eu, dependendo da palavra pronunciada, fiquei impressionada com a semelhança na voz.
Quem nos escreveu estava dividido entre a diversão do inusitado e o medo do que a tecnologia pode criar. Nós, jornalistas, somos quase treinados para desconfiar, mas quem usa esses recursos trabalha muito bem com o chamado viés de confirmação.
O conteúdo chega às pessoas com promessas e frases que o algoritmo já mostrou que faz parte da crença desse público. Quando a esmola foi demais, desconfie. É assustador, para o bem e para o mal, o que a tecnologia cria.
Como disse nossa entrevistada, a advogada e presidente do Instituto Gaúcho de Direito Eleitoral, Francieli Campos, a diferença do remédio para o veneno é a dose. Tenho convicção de que a inteligência artificial ajudará muito em soluções para a saúde e educação. Na saúde, automatizando sistemas e ajudando na diminuição de filas, por exemplo. Mas, como qualquer coisa, na mão de quem não tem boa intenção, tudo vira arma.