O esporte perdeu Zagallo. Aos 92 anos, o Velho Lobo parte em um momento em que o futebol brasileiro protagoniza um vexame atrás do outro dentro e fora de campo. Alguém que protagonizou tantas conquistas e nos deu tantas alegrias pode até mesmo partido triste com o que estão fazendo com a "Amarelinha", forma carinhosa como ele se referia à camisa de nossa seleção.
Lenda do futebol, o ex-ponta-esquerda esteve muito perto de disputar os Jogos Olímpicos de 1952, em Helsinque, na Finlândia. Porém, meses antes ele assinou contrato profissional com o Flamengo e o regulamento da época só permitia a participação de atletas amadores.
Uma outra oportunidade de os Jogos Olímpicos terem Zagallo aconteceu em 1984. Então técnico da Arábia Saudita, ele classificou a seleção asiática para o torneio de Los Angeles, mas deixou o comando da equipe meses antes.
Mas o encontro entre o maior evento multiesportivo do mundo e um dos maiores vencedores da história do esporte finalmente aconteceria em 1996. Zagallo, técnico da Seleção Brasileira principal, cargo que assumiu após o tetra nos Estados Unidos, topou o desafio de também comandar o time olímpico.
A classificação para Atlanta veio com o título do Torneio Pré-Olímpico, conquistado contra a Argentina em Mar del Plata. Nos Jogos Olímpicos, a equipe formada por Ronaldo, Roberto Carlos, Bebeto, Rivaldo, Aldair, Dida, Juninho Paulista e Sávio acabou perdendo para a Nigéria, de Kanu, nas quartas de final, ficando sem a chance de disputar a tão sonhada e até então inédita medalha de ouro. Na disputa do bronze, uma goleada sobre Portugal colocou a seleção no pódio.
O Rio de Janeiro foi eleito sede dos Jogos de 2016 e mais uma vez Zagallo e as Olimpíadas se reencontraram. E mesmo com a saúde debilitada, ele fez questão de participar do revezamento da tocha olímpica. E em 4 de agosto, um dia antes da Cerimônia de Abertura, lá estava ele, de cadeira de rodas, para conduzir o fogo olímpico.
Por tudo que representou ao esporte brasileiro, Zagallo merece todas as homenagens possíveis. Que a dedicação e devoção do Velho Lobo às cores da seleção sirvam de exemplo aos atletas que estarão em Paris e especialmente ao time de futebol, que poderá conquistar um inédito tricampeonato.