Confesso que celebro o retorno de Aguinaldo Silva à Globo. O autor assina algumas de minhas novelas favoritas, como Tieta (1989), Pedra Sobre Pedra (1993), A Indomada (1997), Porto dos Milagres (2001), Senhora do Destino (2004) e Império (2014). Quem não sente falta de enredos com personagens do seu realismo mágico — como a Mulher de Branco (em Tieta) e o Cadeirudo (em A Indomada) —, está sendo noveleiro de um jeito errado.
A volta de Aguinaldo à emissora carioca foi anunciada, na quarta-feira (18), em um pacote de novidades na área da criação: o retorno de Izabel Oliveira — autora de Cheias de Charme (2012) e Verão 90 (2019) —, a renovação dos contratos dos dramaturgos Rosane Svartman, Gloria Perez e Ricardo Linhares e a criação de um espaço dedicado à convivência de autores de Dramaturgia e Humor com os Estúdios Globo.
Ter Aguinaldo em seu time de novelas assinala que a Globo reconhece a importância do autor, que deixou a casa em 2020 (sua última trama na emissora foi O Sétimo Guardião, em 2018). O meu mais genuíno desejo é que o realismo mágico dele volte a ser explorado: o novelista gosta de escrever histórias em que coisas impossíveis acontecem, como lobisomens e assombrações, para quebrar o tom realista das novelas. E o público também curte esse tipo de narrativa. Afinal, de realidade nua e crua, já basta o nosso dia a dia.
Por enquanto, o certo é que Aguinaldo Silva foi contratado por obra e vai se dedicar a Três Graças, sinopse que havia apresentado à Globo antes de seu desligamento em 2020.