Em 14 anos de carreira, Pocah coleciona sucessos no funk — como Passando o Rodo e Bandida —, além de uma participação marcante no BBB 21, mas faltava um álbum para consolidar seu trabalho. Agora, não mais: finalmente, o primeiro disco da cantora, Cria de Caxias, será lançado nas plataformas digitais nesta terça-feira (3).
O álbum é dividido em três partes, que Pocah chama de atos (MC Pocahontas, em que revisita o início de sua carreira, Pocah, que simboliza a transição da artista para uma fase mais ousada, e Viviane, nome de batismo da cantora, em que revela uma face mais íntima e canta uma faixa ao lado da filha, Vitória). O primeiro show com o novo repertório será no Rock in Rio, em 20 de setembro, no palco Espaço Favela.
Na entrevista abaixo, Pocah explica que a produção não é apenas um álbum, mas um projeto biográfico que resgata suas raízes em Duque de Caxias, cidade da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, onde cresceu.
— Demorei para fazer esse disco, mas a espera valeu a pena — comenta.
Com 14 anos de carreira e 30 anos de idade, lança seu primeiro álbum. Por que decidiu esperar tanto?
Foi um combo. Quando eu comecei minha carreira, não era comum artistas de funk lançarem discos, até porque é muito caro lançar um disco e, na época, as plataformas digitais não existiam. O disco era físico, as vendas já não eram tão proveitosas, muito por conta da pirataria, e você é apenas um funkeiro com o brilho no olho de estourar uma música para fazer muitos shows e poder ter comida na mesa naquele mês. Quando eu fiz essa transição para Pocah, profissionalizei todo meu trabalho, minha vida se reestruturou para algo pop, eu iniciei esse processo de fazer o disco. Eu só estou lançando agora, mas acho que faz sentido nesse tempo. Eu estou mais madura, tanto emocionalmente quanto artisticamente. Eu só conseguiria entregar um disco dessa qualidade, do jeitinho que eu sempre quis, com o tempo que tive.
Como foi cantar ao lado da sua filha no disco? Acha que Vitória pode seguir seus passos na música?
Foi muito emocionante. A Vitória, de fato, é a luz da minha vida. Tudo que eu faço, trabalho e alcanço é por ela e para ela. É muito simbólico o disco ter terminado com a música Vitória, que termina com a voz dela. No fim, no fim de tudo, é sempre ela. Ela é meio como a mãe: às vezes, muito tímida e, às vezes, muito "amostrada". Às vezes, pede para eu gravá-la e, às vezes, fala que não quer aparecer. Obviamente, respeito. Então não sei se ela vai seguir os passos artísticos, estou acompanhando o desenrolar (risos).
No ato Viviane, você aborda temas pessoais e a experiência em um relacionamento abusivo na música Livramento. Qual é o recado que espera transmitir para quem ainda não conseguiu o seu livramento?
Que ainda dá tempo. Que não desista. Que procure ajuda, sempre tem uma saída. Que se te machuca, não é amor. Pode ser qualquer coisa, mas, se te machuca, não é amor. E nós merecemos ser amadas. Se não por eles, que por nós mesmas. É o que eu falo na música, não estamos sozinhas: 180 (número da central de atendimento à mulher) nesse otário.
Tem previsão de quando volta ao Rio Grande do Sul (o último show foi há quase um ano)?
O mais rápido possível. Eu tenho um carinho enorme pelo Rio Grande do Sul. Um dos meus primeiros fã-clubes é gaúcho. Assim que possível, quero reencontrá-los e poder celebrar muito esse novo momento com vocês e com o espetáculo que os gaúchos merecem.