Ana Hikari, no ar como a vilã Mila em Família É Tudo, foi a primeira atriz de origem asiática a protagonizar uma produção da Globo, Malhação — Viva a Diferença, em 2017. O sucesso na extinta novelinha adolescente, vencedora do prêmio de melhor série no Emmy Internacional Kids 2018, foi tanto que a história das cinco amigas Ellen (Heslaine Vieira), Lica (Manoela Aliperti), Tina (Ana Hikari), Benê (Daphne Bozaski) e Keyla (Gabriela Medvedovski) ganhou um spin-off, As Five, com todas as temporadas disponíveis no Globoplay, inclusive, a última foi lançada em março.
Indiscutivelmente, Ana, aos 29 anos, se tornou uma das maiores vozes na luta pela representatividade amarela no país e, recentemente, fez um desabafo nas redes sociais por ter sido chamada de "japonesa" no bastidores de Família É Tudo, novela das sete da Globo em que vive a primeira antagonista da carreira. Falando na trama das sete, Ana que conta estar amando ver as pessoas odiando sua personagem.
Confira o bate-papo com a atriz paulista, que, além dos pontos altos de sua carreira e de representatividade na televisão, fala sobre o relacionamento aberto que vive com o chef de cozinha uruguaio Facundo Connio.
É mais divertido ou desafiador interpretar uma vilã na novela?
Se tivesse que escolher só uma opção, diria mais divertido. É a minha primeira vilã e estou totalmente apaixonada pela Mila e todas as possibilidades em cena que ela me traz. Ela é muito complexa e passa por muitos sentimentos diferentes a cada cena, isso é uma delícia.
Tem acompanhado a repercussão da personagem nas redes sociais? Concorda que, apesar das vilanias, o casal Hans (Raphael Logam) e Mila caiu nas graças do público?
Adoro acompanhar a repercussão da personagem nas redes sociais e ver a criatividade dos fãs. É muito legal ver que o público percebe detalhes que pensamos em cena. Eles são muito ligados e isso dá gosto, porque me estimula a criar mais profundidade para personagem, pois sei que o público vai notar.
Considera o projeto As Five um divisor de águas na sua carreira? Mantém contato com as outras atrizes ainda?
A Tina, com certeza, é um marco na minha vida. Cresci e amadureci como atriz junto com essa personagem, foram anos dando vida a ela, desde 2017 até 2024. Para mim, foi um presente muito grande ter tido essa experiência. Temos contato, inclusive, estou fazendo a novela com a Daphne Bozaski, que fez Benê em As Five e, agora, é Lupita, em Família É Tudo. É uma felicidade ter essa amiga por perto nesse trabalho tão importante que tem sido a atual novela.
Você é a primeira atriz de origem asiática a protagonizar uma novela na Globo. Qual é a importância da representatividade na televisão?
A representatividade na televisão ajuda a construir um imaginário, inclusive sobre a nossa sociedade. Nós, pessoas amarelas, fazemos parte do país e precisamos ser incluídas nele. Se ver na telinha é uma das várias formas que faz com que a gente se sinta incluído nesse mundo, não se sinta invisível dentro do nosso próprio país. Além disso, a novela também traz de uma forma muito feliz a real diversidade de composições familiares que temos no Brasil, como Mila e o pai, Furtado, interpretado pelo querido Claudio Torres Gonzaga. É uma família diversa assim como a minha: meu pai, na vida real, é um homem negro. E isso que deveria ser apresentado sempre na televisão, para quebrar estigmas das pessoas sobre como são as famílias brasileiras.
Recentemente, viralizou o trecho de uma entrevista sua em um podcast, em que falava sobre relacionamento aberto. As pessoas a abordam, nas ruas ou nas redes sociais, para tirar dúvidas ou fazer questionamentos sobre esse formato de relação?
Acredito que o assunto sobre relacionamento aberto é super atual e muita gente está falando sobre isso. Não sou guru ou referência no assunto, porque sinto que muita gente já está vivenciando isso por conta própria. Uma das características principais da relação aberta, na minha opinião, é esse diálogo que ocorre entre as partes da relação, por isso, nunca poderia ditar o que pode ou não pode no relacionamento aberto de outras pessoas, cada um é cada um nesse sentido e amo isso!