Amanda Meirelles, campeã do BBB 23 e médica que está trabalhando como voluntária na UTI do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas, publicou uma mensagem — em seu perfil no Instagram — que vai ao encontro de uma reflexão que amadureço há dias: sobre os cuidados com a exposição de pessoas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Amanda, em um story, escreveu: "Vamos lembrar que sofrimento não é entretenimento. Cuidado com a exposição de pessoas. Estão todos vulneráveis, o momento é desafiador e muito doloroso. As imagens, depois que estão na rede, podem ser usadas de diversas maneiras e podem machucar o outro". Bravo, Amanda! Sofrimento não é e nunca será entretenimento.
Cada vez que deparo com fotos ou vídeos em que o sofrimento dos atingidos pelas enchentes é exposto por algum influenciador, jornalista ou até alguém não famoso nas redes sociais, penso se o conteúdo gerado realmente é relevante ou se é apenas uma espetacularização da dor alheia. Pode, sim, gerar engajamento e audiência, mas a um terrível custo.
A tragédia gaúcha ganha contornos de crueldade sempre que alguma vítima é abordada para responder "como está se sentindo" diante do horror. Sim, essa foi a pergunta que o campeão do BBB 24, Davi Brito, que também trabalha como voluntário no Estado, desferiu a um senhor que estava com água na altura da cintura durante um resgate em Canoas. O franco constrangimento daquele senhor, diante da câmera do celular, respondeu a pergunta de Davi.
Contar histórias de superação faz parte da cobertura de tragédias e pode até inspirar a mobilização em prol dos afetados; mas a espetacularização da dor, mostrar o sofrimento de alguém que não está disposto ou pronto a compartilhar essa informação, é submetê-lo a mais uma humilhação diante da catástrofe.