Com pouco mais de 11 mil habitantes, o município de Roca Sales, no Vale do Taquari, chegou a ter mais de 500 hectares cultivados com tabaco. Hoje, apenas uma propriedade mantêm a produção em menos de dois hectares.
– Foi uma guinada de 180 graus do fumo para a fruticultura. O processo aconteceu aos poucos, levou mais de 20 anos – relata Deoclesio Piccoli, chefe do escritório municipal da Emater.
A primeira fruta a entrar foi o pêssego, seguido de uva, citros, goiaba e ameixa. Mais recentemente, a noz pecã passou a ocupar áreas até então destinadas ao tabaco.
– Incentivamos os produtores a diversificarem também na fruticultura, com três ou quatro variedades, para não ficarem dependentes de uma só – completa Piccoli.
A transição de uma cultura para a outra não é automática, leva de cinco a seis anos em média, segundo o técnico da Emater. Isso porque o processo envolve a mudança de toda a matriz produtiva da propriedade, com a necessidade de aprendizado de novas técnicas. A diversificação em Roca Sales foi apoiada pela assistência técnica da Emater, crédito para investimento do Pronaf, recursos do governo estadual e também de fundo municipal.
A única propriedade em Roca Sales a cultivar tabaco é de Sidnei Luiz Dilkin, 52 anos, que desistiu de trabalhar com o cultivo e arrendou uma área de dois hectares para o primo na Linha Parobé, interior do município.
– Essa é a primeira safra que deixei de plantar, depois de 12 anos – conta Dilkin.
A decisão de parar foi motivada por problema na coluna, falta de gente para trabalhar no fumo e bons resultados da lavoura de grãos. Há seis anos, o produtor passou a diversificar o tabaco com o plantio de oito hectares de soja – basicamente com recursos financiados. A abertura da área e a correção do solo foi feita com ajuda do agrônomo da propriedade vizinha, que cultiva área maior de soja. O próprio plantio e a colheita são feitos com máquinas de terceiro, com pagamento pelas horas de trabalho.
– Isso ajuda bastante, já que o tamanho da lavoura não comporta investimento em equipamentos – diz Dilkin.
Com dois filhos morando na propriedade, um de 17 anos e outro de 14 anos, o agricultor espera fazer a sucessão e ampliar a área de soja nos próximos anos.