À sombra de uma dívida bilionária, uma das mais importantes cooperativas do Estado, a Cotrijui, decidia, há um ano, em tumultuada assembleia, pelo mecanismo de liquidação voluntária - com a continuidade de negócios.
O prazo que congela execuções de cobrança e permite a busca da negociação junto a credores acaba de ser estendido por mais um ano, dentro do que está previsto na lei.
- Uma assembleia aprovou a prorrogação - explica Claudio Lamachia, advogado da cooperativa.
Associados da Cotrijui aprovam liquidação voluntária da cooperativa
Na condição de liquidante, Vanderlei Fragoso refuta o termo liquidação, que considera "arcaico", como a legislação das cooperativas para situações como essa, e usa a jurisprudência para referir-se ao processo como moratória.
Levantamento indicou que a dívida acumulada chegava a R$ 1,3 bilhão. Sem detalhar quanto foi abatido até o momento, o liquidante afirma que "na medida do possível, compromissos financeiros do passado estão sendo resgatados".
- O endividamento da cooperativa não aumentou no período - acrescenta.
Na lista de ações, Fragoso enumera ainda o corte em despesas operacionais, reduzidas em R$ 100 milhões.
Com cerca de 6 mil associados atuantes, a Cotrijui, com sede em Ijuí, tem atividades diversificadas - armazenagem de grãos, frigorífico, indústria de arroz, ração - e deve fechar o ano com faturamento de R$ 500 milhões.
A capacidade de armazenagem é de 1 milhão de toneladas. Em média, 5 milhões de sacas são depositadas por ano.
No início deste ano, o vaivém de decisões judiciais acerca da ata da reunião em que se votou pela liquidação teve impacto sobre o volume armazenado. O grão é depositado na condição de armazém geral, que garante ao produtor a propriedade.
- A recuperação é possível e já está ocorrendo dia a dia. Mas a gente sabe que é lenta, gradual - entende Fragoso.