De fora da Parceria Transpacífica, maior acordo comercial da história assinado na última segunda-feira, o Brasil poderá perder espaço na venda externa de produtos agropecuários. O alerta vem sendo reforçado durante a semana por representantes do agronegócio brasileiro, que temem a redução da competitividade no mercado internacional - especialmente nas carnes e nos lácteos.
- A ausência do Brasil nesse tratado e a estagnação de negociações importantes com outros mercados poderão colocar o país em uma situação de isolamento comercial e em desvantagem frente a grandes concorrentes internacionais - destaca o presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
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A carne brasileira de frango é exportada hoje para 156 países, enquanto a suína chega a 70 nações. Frente ao tratado assinado por Estados Unidos, Japão e outros 10 países, que representam 40% do PIB global, o receio é de que a capacidade competitiva brasileira possa ser reduzida.
Na análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o país terá seu acesso prejudicado aos mercados desses 12 sócios, em especial porque a produção brasileira concorre com Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia em setores como grãos e pecuária de leite e de corte. A análise técnica da CNA diz que o acordo visa não só a redução de tarifas, mas também novas regras comerciais para temas ainda não contemplados no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Na avaliação da assessora técnica da CNA, Camila Sande, além das tarifas, os altos padrões estabelecidos e exigidos pelo acordo poderão prejudicar as exportações brasileiras. Para enfrentar o cenário, a entidade reforça a necessidade de o Brasil acelerar acordos comerciais com União Europeia, China e Estados Unidos. Para isso, depende do acordo em bloco, dentro do Mercosul.
A situação alerta para a urgência de se avançar e ampliar a agenda de negociações externas do Brasil, sob pena de ficar isolado enquanto os principais concorrentes firmam acordos poderosos.