Não há surpresa na resposta negativa da Marfrig diante do pedido do governo do Estado para que reconsiderasse a anunciada suspensão das operações do frigorífico em Alegrete. Nesta segunda-feira à tarde, a empresa enviou ofício ao secretário da Agricultura, no qual mantém a decisão tomada em 2014 e reforçada na semana passada.
A partir de 4 de fevereiro, irá fechar as portas, trazendo um futuro incerto para os 623 funcionários da unidade.
Sobraram poucas alternativas para reverter as demissões. Uma é deixar que outra companhia assuma os abates da unidade - cerca de 500 animais por dia. Ideia anteriormente debatida, com poucas chances de evoluir.
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Sobre os benefícios fiscais concedidos à empresa por meio de decreto publicado em 30 dezembro do ano passado pela Secretaria da Fazenda, o atual secretário da Agricultura, Ernani Polo, entende que devem ser mantidos. Até porque foram estendidos a todas as empresas do setor no Estado.
- Eram demandas do segmento - explica o secretário.
Para ter uma visão ampla do mercado de carnes, nacional e estadual, a Secretaria da Agricultura chamou para uma reunião, na quinta-feira, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Camardelli.
Com a confirmação da notícia da suspensão, o primeiro passo da Secretaria do Trabalho será um cadastro dos trabalhadores da unidade de Alegrete.
- Também veremos a questão das 150 vagas de transferência para a unidade de São Gabriel - diz o secretário Miki Breier.
Entidades sindicais prometem fazer barulho. Artur Bueno de Camargo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação e Afins (CNTA), diz que já solicitou a intervenção dos ministérios da Agricultura e do Trabalho e também do BNDES. A estimativa é de que a suspensão das atividades em Alegrete afete 2,5 mil pessoas.
- A empresa está usando recursos de financiamentos do BNDES. Teria de ter contrapartida. Estamos pedindo que o banco reveja compromissos sociais assumidos - avalia Camargo.
Mais do que isso, a CNTA promete mobilização nacional, com a convocação de greve. Audaciosa, a entidade quer chamar a atenção também no mercado internacional, já que a empresa é global.