Protagonista do advento dos transgênicos nas lavouras brasileiras, a Monsanto quer estar à mesa dos brasileiros. Para isso precisará vencer a resistência criada à marca em meio ao polêmico e barulhento processo de implantação da biotecnologia no país há quase duas décadas.
A empresa virou sinônimo de transgênico e vice-versa. É o preço cobrado pelo pioneirismo no desenvolvimento da primeira soja geneticamente modificada. Enquanto concorrentes como Bayer e Basf aguardam liberação de mercados importantes, como a China e a União Europeia, para colocar seus produtos no circuito comercial, a multinacional americana segue em voo solo.
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O fato é que em conversa com grupo de jornalistas ontem, em São Paulo, a empresa fez um mea culpa e admitiu que teve falhas no momento da introdução da transgenia no Brasil. Direcionou seus esforços para o público-alvo, agricultores e técnicos do campo, e esqueceu de conversar com o resto da sociedade.
- Talvez no passado a gente devesse ter falado mais. Temos de esclarecer os benefícios da biotecnologia - diz Maria Claudia Souza, diretora de Assuntos Corporativos da Monsanto do Brasil.
Para tentar se dissociar dessa imagem, a multinacional busca aproximação com o público, mostrando que o desenvolvimento de variedade é apenas uma de suas faces. A campanha Na Mesa Com a Monsanto foi lançada para abrir um canal de comunicação com as pessoas por meio de um portal.
Há ainda outros obstáculos. Como a polêmica em torno da cobrança de royalties. O Estado mantém, por meio de ação da Fetag-RS e dos sindicatos rurais, processo referente à primeira geração de soja transgênica, a RR1. Os representantes dos agricultores ganharam em primeira instância, perderam em segunda, e recorrem da decisão.
- A importância da remuneração é pelo investimento feito em pesquisa - afirma Rodrigo Santos, presidente da Monsanto do Brasil.
Para 2015, US$ 150 milhões serão aplicados pela companhia no país em unidades de pesquisa e produção de sementes.