O Brasil e o Rio Grande do Sul chegarão à colheita de soja desta safra com cenário diferente do ano passado, quando os efeitos da seca de 2012 que derrubou a produção americana ainda apareciam no preço do grão.
Agora, a perspectiva de oferta mundial recorde já começa a pressionar os valores do bushel. Estimativas de volume farto de produção na América do Sul costumam se refletir na forma de recuo do valor pago pelo bushel na Bolsa de Chicago, balizador das cotações do grão no mercado mundial.
- Teremos uma oferta grande, que cria uma pressão nos preços - observa o analista Luiz Fernando Gutierrez Roque, da Safras & Mercado, em referência à produção recorde dos Estados Unidos, que chegou à marca de 88,7 milhões de toneladas e à projeção de 89,8 milhões de toneladas feitas para o Brasil.
Nesta semana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulga novo relatório, em que pode revisar para cima os dados americanos e mundiais. Claro, o clima terá papel fundamental nesta equação, sobretudo aqui no Estado, onde o período sem chuva registrado em dezembro produziu efeitos negativos para a cultura do milho. Em se confirmando a perspectiva de colheitas fartas, ainda que haja forte demanda mundial pela soja, a tendência é de preços menos valorizados em relação a igual período do ano passado.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP mostram tendência de diminuição na rentabilidade do grão para o ciclo 2013/2014. Considerados custos e preços médios de venda da saca de soja em novembro do ano passado, a rentabilidade sobre custos operacionais ficaria entre 56% e 77,7% - ainda considerada atrativa.
A maior vantagem para o produto brasileiro no mercado externo virá do câmbio.
- O dólar valorizado torna nossa soja mais competitiva - observa Roque.