Em tempos de lagarta Helicoverpa armigera, uma prática verificada pela Secretaria da Agricultura no Estado preocupa. A recomendação equivocada de defensivos por engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas tem levado a autuações.
A orientação é feita por meio de uma receita, indicando uso de determinado produto para a lavoura. O que estaria sendo verificado, entre outras irregularidades, são desvios na utilização de produtos - destinados a um tipo de lavoura e aplicados em outra. Como exemplo recente em que o técnico recomendava uso de produto para 1,4 mil hectares de algodão, cultura que não é cultivada no Rio Grande do Sul.
Fiscal agropecuário da área de defesa vegetal da secretaria, Fernando Turna, também ex-presidente e atual membro do conselho fiscal da Associação dos Fiscais Agropecuários do Estado, diz que nos últimos três meses autuou mais de 50 técnicos. Em um dia, foram duas ações só em Tupanciretã.
O temor da Helicoverpa armigera tem provocado uma corrida, no momento considerada desnecessária pela secretaria, por defensivos. E aí, recomendações irregulares são mais perigosas.
- O produtor está assustado e entendo isso. Mas o que preocupa é o uso dos inseticidas não seletivos, que atuam também sobre inimigos naturais das pragas, desregulando o ecossistema - pondera Turna.
Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (Crea), Luiz Capoani diz que não tem recebido denúncias com relação à recomendação irregular. O maior problema, acrescenta, é justamente o uso indiscriminado, sem receituário, de agrotóxicos, motivo pelo qual a entidade quer ampliar a fiscalização.
Com relação à lagarta, a pressão pelo decreto de emergência fitossanitária cresce, mas não há indicativos técnicos para isso, afirma José Candido Motta, gerente de defesa vegetal da secretaria:
- Se nossa estratégia não surtir efeito, não seremos irresponsáveis de não decretar. Mas também não podemos ser irresponsáveis de decretar sem necessidade.