A notícia de que os russos estavam embargando frigoríficos brasileiros correu o país e causou confusão generalizada na manhã desta quarta-feira. Entidades representativas do setor de produção de carnes no Brasil, como a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), se apressaram em desmentir a suspensão de embarques.
A preocupação se justificava pelo fato de que, na semana passada, o governo confirmou a interrupção temporária imposta a 10 unidades brasileiras, nove de bovinos e uma de carne suína - nenhuma no Rio Grande do Sul.
Foi, segundo o Ministério da Agricultura, uma confusão de datas que causou o mal-entendido. É que a restrição divulgada no último dia 25 passaria a valer, oficialmente, a partir de 2 de outubro. Ou seja, nesta quarta.
A confusão criada traz uma provocação: a quem interessa tudo isso? Certamente não aos produtores e à indústria brasileira, que têm na Rússia um importante mercado, gerador de receita significativa de exportações.
Aliás, entender o vaivém dos embargos russos não é tarefa simples. O Rio Grande do Sul, por exemplo, segue sem embarcar carne suína para a Rússia desde junho de 2011, quando foi imposta suspensão também a Paraná e Mato Grosso. Embora o ministério afirme que a suspensão de vendas já foi derrubada.
À época, cinco plantas gaúchas tinham habilitação para vender àquele mercado, conforme o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips).
Antes do barulho todo desta quarta, os russos já haviam sinalizado que vêm ao Estado, em inspeção de rotina, neste mês - o desembarque está previsto para o dia 20. A indústria gaúcha está fazendo um esforço, garante o diretor-executivo do Sips, Rogério Kerber, para incluir no roteiro três frigoríficos de carne suína daqui - um da Cotrijui e dois da Alibem - que têm produção comprovadamente livre de ractopamina, ingrediente vetado pelos russos. Na próxima segunda-feira, uma supervisão a ser feita pela Ministério da Agricultura pode ajudar a concretizar esse objetivo.