O Brasil prepara-se para sediar, no próximo ano, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30). O evento será realizado em Belém, capital do Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025. Além de o município ter uma posição estratégica, no litoral norte do país, está inserido no bioma amazônico, aumentando a pressão sobre o exemplo que o Brasil deve dar aos representantes das nações que estarão presentes na conferência.
De acordo com o secretário extraordinário da COP30, Valter Correia, 50 mil pessoas são esperadas durante o período do evento, entre delegados, representantes de governos, ONGs, setor privado e imprensa internacional, dentro da chamada Blue Zone, a área oficial da conferência.
– Esse número pode aumentar com a participação do público em eventos paralelos e manifestações culturais, já que a COP sempre atrai uma grande quantidade de atividades que transcendem os espaços oficiais – diz Correia.
No vídeo, veja o que esperar do encontro no Azerbaijão
A realização da COP30 no Brasil, e especificamente em Belém, no Pará, tem um significado profundo, analisa o secretário. Para ele, “coloca a Floresta Amazônica no centro das discussões globais” e destaca a necessidade de se pensar soluções mundiais vendo a vida e a realidade das pessoas. Além disso, ultrapassa uma questão técnica, mas também cultural:
– É uma oportunidade única para que todos os participantes tenham acesso a uma cultura pulsante, uma culinária maravilhosa e um aspecto de Brasil que pouco se conhece mundo afora.
Relações
Além de ser essencial debater a emergência climática, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, reforça a opinião de que a COP30 vai servir para que se tenha maior conhecimento sobre a Amazônia:
— É a possibilidade de as pessoas do mundo inteiro, para além de um conhecimento genérico e até abstrato sobre a Amazônia, vivenciarem os seus debates, conhecerem e realizarem uma experiência em território amazônico. Belém é uma capital ribeirinha, portuária, tem acesso fácil ao oceano e aos grandes rios da Amazônia, de modo que daqui você estabelece relações com a Amazônia no sentido macro.
Para que o evento ocorra com a capacidade de atender aos 50 mil visitantes que devem desembarcar em Belém no próximo ano, obras, treinamentos e outras iniciativas estão sendo realizadas para preparar a capital paraense e seus habitantes.
Segundo o secretário extraordinário da COP30, o governo federal, em parceria com o Estado do Pará e o município de Belém, conduz um planejamento integrado, que abrange desde a infraestrutura até a preparação técnica e logística para receber representantes de mais de 190 países:
— Temos trabalhado em estreita colaboração com diversas áreas dentro do governo federal para garantir que o plano de segurança, mobilidade urbana e hospitalidade estejam à altura da importância de um evento dessa magnitude.
Correia acrescenta que o governo federal está investindo quase R$ 5 bilhões por intermédio de recursos do orçamento geral da União, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Itaipu. Estão incluídas obras de macrodrenagem, urbanização de canais, saneamento, mobilidade urbana, revitalização de prédios e sítios históricos. Ele observa que o diálogo entre o governo do Estado do Pará e a prefeitura de Belém é contínuo e colaborativo.
Herança para a cidade
Como ocorre quando uma cidade sedia um evento global, os investimentos para receber os visitantes resultam em um legado positivo para a população. Além das obras, a capacitação de profissionais traz um importante legado humano.
— Há políticas sendo desenvolvidas, investimento na formação de jovens, de startups, de feirantes e agentes turísticos em geral, trabalhadores de hotelaria e taxistas — destaca o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues.
Revitalizações estão sendo feitas em dois mercados históricos da cidade, o Ver-o-Peso e o Mercado de São Brás. Rodrigues informa que obras de macrodrenagem estão em andamento, considerando que 72% da cidade é alagável. Embora esses trabalhos já estivessem previstos, a definição de Belém como sede da COP30 impulsionou o processo de estruturação e a destinação de recursos.
Com a expectativa de receber 50 mil visitantes, o principal desafio de Belém é ter vagas suficientes para acomodar todos, especialmente as autoridades dos países participantes da conferência.
— Nossa rede hoteleira tem cerca de 20 mil leitos, mas com os investimentos, atingiremos a necessidade — observa o prefeito.
Os recursos vêm do governo federal, estadual e da iniciativa privada, com grande foco na área portuária. Um novo hotel de quase mil vagas está sendo construído em um terreno anteriormente pertencente à Aeronáutica. Para acomodar os visitantes, alguns hotéis a 70 quilômetros de Belém, como em Castanhal, receberam R$ 20 milhões para modernização, embora implique um deslocamento de uma hora.
O governo estadual articula a ampliação da oferta de vagas com novos hotéis e acordos com plataformas de hospedagem, além de garantir recursos para modernização das instalações. Também foram firmadas parcerias com a iniciativa privada para qualificar gratuitamente 5 mil trabalhadores do turismo por meio do programa Capacita COP30. Uma das iniciativas é a dragagem do porto e a construção do novo Terminal Internacional de Cruzeiros, criando aproximadamente cinco mil leitos flutuantes para a conferência. O governo espera que, após o evento, os investimentos consolidem o Pará como um destino turístico internacional.