Seja pela água ou pela terra, seja caminhando ou remando: o mutirão #LimpeOLagoGuaíba foi realizado na manhã deste domingo (20), na orla do bairro Belém Novo, na zona sul de Porto Alegre. Cerca de 50 voluntários participaram da mobilização, que reuniu moradores da região e grupos de escoteiros, para recolher lixo no local.
A ação teve como ponto de partida a praça José Comunal. A partir das 10h, um grupo partiu em caminhada até a praia do Veludo, apanhando resíduos que encontravam pela orla. Ao mesmo tempo, outros voluntários partiram em pranchas de stand up paddle ou de caiaque pelas águas do Guaíba para recolherem materiais.
O mutirão foi idealizado pelo projeto Nadando Pelos Cartões Postais, que tem como objetivo promover atividades esportivas e beneficentes em águas abertas, com apoio da prefeitura e da iniciativa privada.
Conforme o coordenador da iniciativa, Francismar Siviero, a terceira edição do #LimpeOLagoGuaíba estava prevista originalmente para setembro, para coincidir com o Dia Mundial da Limpeza (ação global que ocorre no terceiro sábado de setembro), mas, por recomendações do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), o evento foi postergado para este domingo.
De acordo com Siviero, o #LimpeOLagoGuaíba foi criado para chamar atenção da população para o descarte correto dos resíduos:
— Muito lixo é jogado no Arroio Dilúvio e vem parar aqui ou nos locais onde nós nadamos. Então, tentamos preservar nosso meio aquático. Nossa alegria seria coletar pouco lixo. Quanto menos resíduos encontrarmos nessa ação, mais felizes ficaremos.
Luvas de proteção e sacos de lixo foram disponibilizados aos voluntários. Os resíduos recolhidos na ação devem ser encaminhados à uma cooperativa local, que fará a separação e o reaproveitamento dos itens.
Devidamente uniformizados, três grupos de escoteiros do mar, uma das vertentes do escotismo, participaram do mutirão: Seival, do bairro Lami; Tritão, do Belém Novo, e o Passo da Pátria, da Vila Assunção.
Não foi a primeira vez que os escoteiros deram suporte ao evento. Alberto Américo, chefe do grupo Tritão, recorda que já chegaram a achar até uma estrutura deteriorada de revólver em uma das limpezas. Ele acrescenta que, com a enchente, os mais diversificados materiais surgiram pela orla.
— Os escoteiros se empolgam em ajudar, mas ficam impactados com a quantidade de lixo que é jogada no rio e volta para a beira — relata.
Na caminhada que a reportagem acompanhou, era comum os voluntários encontrarem garrafas pet, latas de cerveja e, além de resíduos plásticos, muitos cacos de vidro concentrados nas areias. Cléia Ribeiro, 78 anos — sendo 49 vivendo no bairro —, achou um par de chinelos infantil com sua vizinha, Neuza. As duas, que costumam realizar mutirões de limpeza pela rua, participavam pela primeira vez do mutirão.
— Quem dera que o povo tivesse um pouquinho mais de consciência. Infelizmente não tem. Vem brincar, vem passear? Traz uma sacolinha. Guarda aquele lixo, mas não, largam no chão. A gente fala e fala, mas entra num ouvido e sai pelo outro. Fazer o quê? — lamenta Cléia.
Entre os voluntários que atuaram na água estava Letícia Souza Pacheco, 48 anos, também moradora de Belém Novo. Ela já havia participado com seu SUP em outros mutirões. Ela conta que já achou pneu, tênis, roupa, mas, principalmente, material plástico. Para Letícia, um evento como #LimpeOLagoGuaíba é importante para conscientizar a própria população do bairro a ter mais cuidado.
— Muitas pessoas daqui não aproveitam essa natureza de Belém. Acredito que não tenham um olhar mais ambiental sobre o bairro. Eu, que caminho por aqui toda manhã, penso nisso: como podemos engajar mais a população? Se houvesse mais cuidado com o lixo, não precisaria nem de uma subprefeitura limpando entulhos todos os dias — avalia.