Três cidades gaúchas foram citadas no Expedições Ondas Limpas, estudo realizado pela organização Sea Shepherd Brasil em parceria com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) que constatou a presença de resíduos plásticos em todo o litoral do Brasil. O Rio Grande do Sul é o Estado onde mais foram encontrados "apetrechos de pescas", como fios de nylon utilizados nas redes, cordas e cabos. A incidência destes itens é três vezes maior no RS quando comparado com outras regiões brasileiras.
O estudo analisou 306 praias, espalhadas em 201 municípios de todo o país, e apontou que Pântano do Sul, em Florianópolis, é a mais poluída. A pesquisa encontrou 72 mil macroresíduos (sacolas, canudos e tampas de garrafa, por exemplo) e 16 mil microplásticos (pequenas partículas insolúveis) nos 7 mil quilômetros analisados da costa brasileira.
"Um em cada 10 itens encontrados na costa brasileira é apetrechos de pesca. Apetrechos de pesca correspondem a 11,2% dos plásticos e 10,3% de todos os itens analisados. O Rio Grande do Sul destaca-se com uma quantidade de resíduos relacionados a apetrechos de pesca três vezes superior à média nacional", diz trecho do estudo.
Em média, a cada dois metros quadrados do litoral do Brasil, o estudo aponta presença de 10 microplásticos e um macroresíduo. Do total de resíduos coletados nas praias brasileiras, 91% são plástico – seja micro ou macro. Ao considerar apenas Estados do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o índice é ainda maior: 95%, o maior entre todas as regiões do país. O relatório completo da Expedição Ondas Limpas está disponível no site da Sea Shepherd Brasil.
Citações ao RS
Uma das cidades gaúchas que foi citada no Expedições Ondas Limpas é Santa Vitória do Palmar. O município da Região Sul ocupa o quarto lugar entre as cidades onde há menos presença de macro e microresíduos na área litorânea: a cada metro quadrado do município, os pesquisadores encontraram 0,02 resíduos de microplásticos e 0,03 de macro.
Cidades com menor densidade de macroplásticos por m²:
- Turiaçu, no Maranhão: 0,01 resíduos a cada metro quadrado
- Mucuri, na Bahia: 0,01 resíduos a cada metro quadrado
- Paulino Neves, no Maranhão: 0,01 resíduos a cada metro quadrado
- Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul: 0,02 resíduos a cada metro quadrado
- Guamaré, no Rio Grande do Norte: 0,03 resíduos a cada metro quadrado
A partir do recorte do Rio Grande do Sul, o estudo chama atenção para um cenário de poluição no Litoral Norte. Área de proteção integral, Arroio do Sal é a quarta cidade brasileira com maior densidade de microplástico por metro quadrado. Em média, foram encontradas 43 partículas do resíduo a cada metro quadrado analisado do município.
"A Praia Arroio do Sal, no Rio Grande do Sul, uma área de proteção integral, é particularmente notável, com 1 resíduo de apetrecho de pesca encontrado a cada metro quadrado", desta trecho do relatório do Expedições Ondas Limpas.
A densidade do microplástico também é destaque negativo em Imbé. A praia de Mariluz aparece em quinto lugar entre os locais onde mais foram encontradas partículas do resíduo por metro quadrado. A cada metro quadrado analisado, o estudo constatou em média a presença de 51 partículas de plástico na praia gaúcha.
Veja as cinco praias com maior densidade de microplásticos:
- Pântano do Sul, em Florianópolis (SC): 144 microplásticos por metro quadrado
- Praia do Centro, em Mongaguá (SP): 83 microplásticos por metro quadrado
- Praia do Rizzo, em Florianópolis (SC): 78 microplásticos por metro quadrado
- Praia do Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ): 55 microplásticos por metro quadrado
- Mariluz, em Imbé (RS): 51 microplásticos por metro quadrado
"Esses dados ressaltam a necessidade urgente de uma abordagem mais eficaz tanto na reciclagem de plásticos quanto na gestão e fiscalização dos resíduos provenientes da pesca, especialmente em áreas protegidas", indica a pesquisa.
*Produção: Lucas de Oliveira