O aeroporto de Rodes parecia um acampamento improvisado nesta segunda-feira (24), com trabalhadores temporários deitados sob cangas e cadeiras ocupadas por turistas em trajes de banhos devido ao incêndio que devasta parte da ilha grega.
No saguão de embarque do aeroporto internacional, muitos viajantes, que esperam para poder retornar a seus países, explicam como foram evacuados dos hotéis ou de suas casas de férias nas margens do Mar Egeu "em condições de pesadelo".
Entre eles está Daniel-Cladin Schmidt, um alemão de 42 anos que veio de férias com a mulher e o filho de 9 anos para passar uns dias em Kiotari, uma região do sudeste desta ilha do Dodecaneso afetada pelas chamas.
— Estamos exaustos e traumatizados. Ainda não temos noção do que aconteceu — diz.
Ele contou que assim que o alarme de seu hotel disparou, eles foram "evacuados para a praia".
— Eram milhares de pessoas, os ônibus não podiam passar, tivemos que andar mais de duas horas (...) Não conseguíamos respirar, cobríamos o rosto para seguir em frente. É um milagre — detalhou emocionado.
Sem plano de evacuação
Com 2,5 milhões de visitantes em 2022, Rodes é um dos principais destinos do país. No sábado e no domingo, cerca de 30 mil pessoas foram evacuadas por precaução perante a ameaça das chamas, naquela que os bombeiros dizem ter sido a maior operação já realizada na Grécia.
Audrey e Marylin, que preferem não dizer os sobrenomes, duas nigerianas de 19 e 20 anos, moram em Budapeste e neste verão foram trabalhadoras temporárias em um hotel em Lindos, um dos lugares mais visitados de Rodes, conhecido por sua antiga Acrópole.
Elas também estão no saguão do aeroporto, localizado no noroeste da ilha, na costa turca, e afirmaram saber "que havia incêndios, mas eles pareciam distantes. E de repente tudo mudou", afirma Audrey. Segundo ela, "nenhum plano específico de evacuação foi implementado".
Por seu lado, Marylin descreve os gritos e o choro, a tensão que tomou conta dos clientes e dos funcionários do hotel.
— Tivemos muito medo. Saímos por conta própria — conta a jovem, em frente aos pontos de distribuição de água e lanches organizados pelos funcionários do aeroporto.
Assim como tantas outras pessoas, elas terão que se virar sozinhas para voltar para casa.
Nem fome, nem sede
Vários países europeus mobilizaram guardas nacionais na noite de domingo no aeroporto, para auxiliar seus cidadãos.
— As coisas estão melhorando mas muitos aviões estão cheios, então é preciso ter paciência. A situação deve se normalizar em alguns dias — disse um representante do consulado da França no país, sob anonimato.
Como a maioria dos hotéis está lotada, as autoridades disponibilizaram alojamentos de emergência em edifícios públicos, espaços culturais e ginásios.
O presidente da associação de hoteleiros de Rodes, Manolis Markopoulos, analisou a situação.
— Administramos a situação da melhor maneira possível nesta gigantesca evacuação. Todos estão seguros e em lugares seguros hoje. Ninguém está com fome ou com sede — acrescentou.
Entretanto, o fogo continuou a assolar a ilha pelo sétimo dia consecutivo.
* AFP