Os dois satélites europeus da missão Copernicus Sentinel-3 (Sentinel-3A e Sentinel-3B) captaram no domingo ( 1º ) altas temperaturas no sul da Ásia decorrentes de intensas ondas de calor que estão acontecendo há dias. Esse fenômeno tem gerado consequências como problemas respiratórios nas populações, impactos negativos na agricultura e instabilidade na rede elétrica.
O noroeste e o centro da Índia apresentaram em abril o verão mais quente em 122 anos, registrando 47,1 ºC . Já a temperatura na superfície chegou a 60ºC . Jacobabad, cidade do Paquistão, atingiu 49ºC no sábado (30), o que representa uma das temperaturas mais altas de abril já registradas no mundo. Com o agravamento da situação, houve alterações nos calendários escolares e interrupções na atividade industrial dos países. Além disso, hospitais tiveram que reservar alas para casos de insolação e de doenças associadas às altas temperaturas. "Estamos vivendo em um inferno", disse um morador de Turbat, no Paquistão, em entrevista ao The Guardian.
No país paquitânes, a precária rede elétrica foi impactada de tal forma que não suporta o funcionamento de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. Na Índia, a situação é semelhante: a região enfrenta a pior falha elétrica em seis décadas. Por conta disso, foram identificados cortes na rede elétrica com duração superior a oito horas em pelo menos cinco cidades indianas: Bihar, Haryana, Jharkhand, Maharashtra e Punjab.
As ondas de calor já causaram enormes estragos para a agricultura com a perda de trigo, verduras e legumes e queda de produtividade. Na Índia, o rendimento da colheita de trigo caiu 50% em áreas que foram fortemente impactadas pelas altas temperaturas, agravando mais ainda a situação, que já contava com escassez global decorrente dos efeitos da invasão russa na Ucrânia.
No distrito de Mastung, no Baluchistão, famoso pelo cultivo de maças e pêssegos, as culturas também sofreram impactos.
— Esta é a primeira vez que o clima causa tanto estrago em nossas plantações nesta área . Não sabemos o que fazer e não há ajuda do governo. O cultivo diminuiu; agora muito poucos frutos crescem. Os agricultores perderam bilhões por causa deste clima — relatou o agricultor Haji Ghulam Sarwar Shahwani ao The Guardian.
A Agência Espacial Europeia (ESA) informou em comunicado que teme por uma situação de insegurança alimentar. Já Sherry Rehman, ministra do clima do Paquistão, afirmou que o país vive uma situação de crise existencial e fez um alerta à comunidade internacional:
— Os eventos climáticos estão aqui para ficar e, de fato, só acelerarão em sua escala e intensidade se os líderes globais não agirem agora.