A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) instalou nesta terça-feira (5) uma sala de situação para elaborar um plano de resposta aos impactos que o vazamento de óleo em praias do Nordeste podem ter na saúde da população. O plano deve ser preparado em, no máximo, 30 dias, mas a Fiocruz vai atuar antes disso no treinamento em larga escala de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e na preparação de material de orientação à população dessas localidades.
Para chegar a profissionais das cidades atingidas, a Fiocruz deve lançar mão tanto de cursos a distância, no Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), quanto de cursos presenciais nos locais atingidos. Já para orientar moradores, está em discussão a criação de manuais, cartilhas e vídeos explicativos.
— Temos capacidade de fazer um trabalho de larga escala e no curto prazo — disse Guilherme Franco, assessor da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz.
Franco lembrou que a fundação já vinha participando de modo informal da resposta ao vazamento, dando orientação a voluntários e apoiando ações de vigilância.
— Há muitas dimensões (em) que a Fiocruz pode atuar — completou.
No dia 29 de outubro, a Fiocruz foi formalmente convidada pelo Ministério da Saúde a elaborar um plano de ação que incluirá o desenvolvimento de pesquisas sobre o desastre ambiental e o acompanhamento de longo e médio prazos sobre possíveis consequências do desastre para a saúde.
Ao longo da terça-feira, quase 100 especialistas de ao menos cinco unidades da Fiocruz estiveram reunidos por videoconferência para discutir o tema. Além da sede, no Rio de Janeiro, participaram pesquisadores das regionais da fundação na Bahia, no Ceará, em Pernambuco e no Piauí.
Os pesquisadores se preocupam com intoxicações agudas pela exposição ao óleo e também com os efeitos que o contato com os hidrocarbonetos podem produzir no longo prazo. Segundo a Fiocruz, o efeito mais temido de longo prazo é a ocorrência de câncer, já que o benzeno, um dos hidrocarbonetos, é comprovadamente cancerígeno.
Nesse sentido, serão considerados também a segurança alimentar das comunidades atingidas e os efeitos sobre grupos prioritários, como pescadores, marisqueiras e grávidas, incluindo, ainda, profissionais e voluntários envolvidos na retirada do óleo.
Entre os sintomas que a exposição pode provocar, estão irritações na pele, rash cutâneo (erupções de pele), queimação e inchaço; sintomas respiratórios, cefaleia e náusea; dores abdominais, vômito e diarreia. Os pesquisadores da Fiocruz alertam que a exposição deve ser reduzida ao mínimo e, quando ocorrer, devem ser usadas roupas protetoras, que depois precisam ser descartadas de forma adequada.
Os pesquisadores também vão trabalhar em uma classificação de risco para definir as áreas de atuação prioritárias. Localidades com manchas maiores de óleo e nas quais o produto tenha atingido pescados e mariscos devem ter prioridade.