Um levantamento realizado pelo ecólogo Alex Bager em 30 mil quilômetros de estradas pelo Brasil concluiu que, por ano, mais de 2 milhões de animais de médio porte morrem atropelados nestes locais. As informações são de O Globo.
A expedição, feita durante seu projeto de pós-doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durou cerca de 10 meses e, no caminho, Bager encontrou 529 animais mortos. Para chegar à estimativa de 2,1 milhões de atropelamentos, ele realizou um cálculo levando em consideração um primeiro levantamento feito em 2014 no Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, da Universidade Federal de Lavras, também em Minas Gerais.
Para chegar a este resultado, ele estabeleceu uma taxa por estrada – levando em consideração a movimentação e a qualidade – e por área. Na pesquisa feita por Bager, ele considerou informações sobre os animais que habitam os mais de cem parques nacionais e outras unidades de conservação por onde passou.
Com os dados recolhidos, também foi possível concluir que a maior vítima de atropelamentos é o cachorro-do-mato, com mais de 1 milhão de mortes por ano. Além disso, foi a única espécie com registro de óbito em todos os tipos de estradas. Também estão na lista o tamanduá-mirim (43 registros), o tatu (40), o tamanduá-bandeira (23) e a capivara (23).
Entre as rodovias com mais mortes constatadas durante a expedição, estão a BR-262, em Mato Grosso do Sul, a BR-471, no extremo Sul do Rio Grande do Sul, e as BRs 226 e 155, no trecho entre Palmas, no Tocantins, e Parauapebas, no Pará.
De acordo com nota enviada ao jornal O Globo pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pelo monitoramento de atropelamento de animais nas rodovias federais, o último levantamento realizado pelo órgão foi em 2014.
Eles afirmam, ainda, que existem pelo menos 18 programas de monitoramento de atropelamento da fauna, cobrindo cerca de 5,5 mil quilômetros dos 90 mil quilômetros de rodovias federais e cerca de 200 pessoas envolvidas. Em quatro anos, de 2014 a 2018, aproximadamente R$ 55 milhões foram investidos na questão.
Entretanto, “ainda levará um tempo para concluirmos (novo relatório), dado o volume de informações que foram geradas desde o ano de 2014”, conclui o órgão.