Os motoristas que voltaram do feriadão pela freeway, no domingo (17), precisaram de uma dose extra de paciência para enfrentar mais de 40 quilômetros de congestionamento e longas horas de espera no trânsito sob calor intenso. O motivo do transtorno na principal rodovia que liga o Litoral Norte à Região Metropolitana foi uma cratera, com cinco metros de profundidade, que se abriu entres os kms 46 e 47, em Glorinha.
O servidor público Fabiano Rosa, 54 anos, foi aproveitar o fim de semana no litoral catarinense, mas, após a experiência de passar quase 12 horas ao volante, diz que não pretende ir tão longe da próxima vez. Fabiano conta que saiu de Canasvieiras ao meio-dia rumo à sua casa no bairro Partenon, na zona leste da Capital.
— Particularmente, nunca mais pretendo aproveitar feriadão em SC ou no norte gaúcho. Tenho minha casinha no Balneário Pinhal e sei o que posso passar — comenta.
Segundo ele, já em Santa Catarina havia lentidão de até 20 minutos nos pedágios. Ele recorda que chegou a Torres por volta de 17h, onde fez uma pausa breve e seguiu viagem.
Fabiano percebeu que o trânsito perdeu velocidade pouco antes de chegar em Osório e ligou o rádio na Gaúcha, quando foi informado sobre a existência do buraco na pista.
— Rodei no mínimo uns 50 quilômetros entre 20km/h e 40km/h. Alguns pontos parava a ponto de colocar no Neutro e puxar o freio de mão — lembra.
Fabiano relata que na altura de Santo Antônio da Patrulha, alguns motoristas começaram a encostar os veículos com problemas mecânicos, na maioria dos casos, provocados por aquecimento no motor.
— A experiência foi desesperadora, muito pelo sentimento de impotência e pela incompetência da concessionária. Cheguei em Porto Alegre às 23h. Levei seis horas de Torres a Porto Alegre, que se faz no máximo em três horas — reclama.
Falta de segurança
Diferentemente de Fabiano, o físico médico Ilo de Souza Baptista, 49, saiu da casa de veraneio em Arroio do Sal às 22h, já sabendo da existência do buraco na rodovia. Acompanhado da esposa e dos dois filhos, ele enfrentou quatro horas e 45 minutos ao volante.
Morador do bairro Hípica, na zona sul de Porto Alegre, ele diz ter sentido falta da presença de policiamento e sinalização ao longo do trajeto.
— O que mais me impressionou é que em nenhum momento eu passei por viatura da polícia rodoviária, nem federal, nem estadual, nem viatura da CCR ViaSul, nem absolutamente ninguém. O acostamento virou uma quarta faixa na freeway. Isso foi a minha maior revolta. Sem fiscalização nenhuma — pontua.
Baptista relata que os veículos que avançavam pelo acostamento acabavam gerando outro problema quando precisavam retornar à pista mais à frente, o que ocasionou algumas discussões entre motoristas. Ele acredita que este problema poderia ter sido evitado com mais sinalização e fiscalização das autoridades.
Desnível no asfalto
O motorista de caminhão Ricardo Galvão, 43, dirige há quase 20 anos e faz o trajeto entre Cachoeirinha e Osório diariamente. No domingo, ele estava de folga, mas passou pela rodovia por volta de 14h — antes da cratera se abrir na pista — e o fluxo do trânsito já era intenso. Contudo, ele pontua que a estrada apresenta alguns problemas recorrentes.
— Eu consigo notar que tem muitas rachaduras e desnível no asfalto. Esses dias, até eu caí em uma cratera que eu tive que parar o caminhão porque tive um problema com um para-choque, que acabou caindo, batendo e tal — comenta.
Causa desconhecida
Na manhã desta segunda-feira (18), máquinas trabalharam no trecho da rodovia onde a cratera se formou. A causa da erosão ainda não foi identificada pela CCR Via Sul, concessionária que administra a rodovia. No domingo, um automóvel Fiat Uno chegou a cair na fenda e teve danos nas rodas dianteiras.
Uma tubulação de drenagem passa pelo local. Os trabalhos de recuperação do pavimento serão iniciados após a identificação da causa. Se houver necessidade, toda a pista do sentido Litoral-Porto Alegre será interrompida fazendo com que o tráfego em ambos os sentidos ocorra no outro lado da estrada — Capital-Litoral.