Ao tomarem conhecimento de um acidente, em Farroupilha, em setembro do ano passado, que resultou em duas mortes, familiares de um dos motoristas ligaram para a polícia e disseram o seguinte:
- Nós nos surpreendemos porque ele estava conosco ao telefone quando houve o acidente.
A história, contada pelo sargento do Batalhão Rodoviário da Brigada Militar, Luís Carlos de Souza Martins, ajuda a ilustrar os riscos que representam o uso de celular ao volante e reforça a importância da campanha "Uma letra é o suficiente. Ao dirigir, não envie SMS", lançada pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).
- É um risco muito alto usar o celular na direção - complementa o sargento Martins.
É para reduzir estes riscos que a Abramet chama atenção para o envio e a leitura de mensagens de texto ao volante, o que amplia a possibilidade de acidentes. Das quatro principais causas de colisões (excesso de velocidade, consumo de álcool, fadiga e desatenção), apenas a última é esquecida pelas autoridades.
- Para coibir a alta velocidade, há pardais e radares. Álcool e drogas são fiscalizados pela lei seca. A fadiga, que atinge mais motoristas profissionais, tem mobilizado alterações na legislação. Resolvemos chamar a atenção para a desatenção e para o uso de celular - justifica o chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional e diretor de Comunicação da Abramet, Dirceu Rodrigues Alves Júnior.
De acordo com Alves, o risco de enviar mensagem é maior porque exige que o motorista tire os olhos da estrada e digite as palavras na tela do aparelho.
- Após usar o telefone, o motorista não sabe quantos veículos o ultrapassaram, por quantas esquinas cruzou. Perde completamente o controle - alerta.
Uma das principais causas das batidas traseiras
Segundo o policial João Antônio Brasil, do núcleo de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal (PRF), embora inexista dados estatísticos precisos, além do perigo de colisões frontais e saída de pistas, o uso do celular é uma das principais causas de batidas traseiras.
- A pessoa baixa a cabeça e acaba perdendo o controle da situação - diz.
Pesquisa denominada "Os efeitos das mensagens de texto na performance dos jovens motoristas", feita pela Monash University, na Austrália, detectou, entre outros aspectos, que enquanto enviam mensagens motoristas ficam com os olhos fora da estrada 400% mais tempo que os condutores que não mandam SMS.
Caso seja impossível permanecer estacionado, há duas alternativas para falar ao celular:
Uso do viva-voz do próprio aparelho, recurso disponível em praticamente todos os celulares, ou conectá-lo ao sistema de caixa de som (apenas veículos e aparelhos mais modernos estão equipados com esta tecnologia).