No último dia de 2023, uma explosão de classe X — a mais forte e rara — foi registrada na superfície do Sol. Pela grande quantidade de radiação emitida, a explosão poderá ser vista em pontos do planeta Terra nesta terça-feira (2) através da formação auroras boreais, conforme a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa).
Comum no norte do planeta, a aurora boreal é um fenômeno que deixa o céu colorido e forma diversos desenhos. Isto decorre de uma tempestade geomagnética, que resulta do contato da radiação emitida pelas explosões solares com a atmosfera da Terra.
— No caso da explosão solar de classe X, é mais comum de ela acontecer no intervalo de 11 anos. Por quê? O Sol tem períodos de máxima e de mínima atividade solar. E sabe-se que o período deste ano, de 2024, e do próximo, que é 2025, é um período em que a atividade solar está na máxima — explicou o astrônomo Adriano Leonês, pós-graduando da Universidade de Brasília (UnB).
A última vez que uma explosão de classe X atingiu o Sol foi em 2017. Devido a força da explosão ocorrida no final de 2023, o fenômeno poderá ser visto em regiões do hemisfério norte da Terra neste segundo dia de 2024. No sul do planeta, não há perspectiva de visualizar a aurora boreal.
O especialista acrescenta que, no caso de explosões fortes o suficiente, elas poderiam ser vistas fora dos polos da terra, inclusive no Rio Grande do Sul:
— Se o sol tiver uma explosão de grande magnitude, como aconteceu em meados do século 20, pode gerar aurora em latitudes mais baixas. Por exemplo, as regiões do sul do Brasil, do Rio Grande do Sul, do Uruguai e da Argentina geralmente não tem aurora, mas que se tiver uma atividade solar de grande magnitude, são regiões que podem ser que você veja a aurora — afirmou Leonês.
Apesar do efeito visual bonito e emocionante no céu da Terra, as tempestades geomagnéticas podem causar uma série de problemas. A radiação da explosão solar pode interferir no funcionamento de aparelhos eletrônicos, afetar satélites, equipamentos de comunicação.
Na prática, aparelhos de localização, como GPS, seriam os primeiros a sentirem o impacto da alteração no campo magnético do planeta.
— Nosso maior problema é em relação ao funcionamento de itens elétricos porque pode afetar os satélites, afetando tudo que dependa desses satélites para funcionar, como GPS, sinal de trânsito e tecnologias em geral — destacou o especialista, que acrescentou que hoje é mais difícil afetar as redes de comunicações porque se faz o monitoramento dessas radiações.