A Índia começou nesta quinta-feira (24) a inspecionar a superfície da Lua com um robô de exploração, um dia depois de se tornar o primeiro país a pousar uma nave não tripulada perto do polo sul lunar.
Pragyan – "sabedoria" em sânscrito – saiu do módulo de pouso horas depois de a Índia concretizar um marco em seu programa espacial de baixo custo, provocando euforia em todo o país.
O robô móvel "desceu do módulo de pouso e a Índia caminhou sobre a Lua", afirmou a Organização Indiana de Pesquisa Especial (ISRO) na plataforma X (antigo Twitter). Na véspera, o primeiro-ministro Narendra Modi descreveu o sucesso da missão como um "dia histórico".
O robô de seis rodas, que funciona também com energia solar gerada a partir de painéis, percorrerá essa região pouco mapeada do satélite; e transmitirá imagens e dados científicos durante as duas semanas de missão. O pouso da missão Chandrayaan-3 na Lua, que significa "nave lunar" em sânscrito, ocorreu na quarta-feira às 9h34 no horário de Brasília, poucos dias depois de uma sonda russa ter caído na mesma região.
Até esta semana, apenas União Soviética, Estados Unidos e China haviam conseguido levar missões à superfície da Lua. A missão Chandrayaan-3 inclui um módulo de pouso chamado Vikram – que significa "valor" em sânscrito - e o robô móvel Pragyan.
Lançada há seis semanas, a Chandrayaan-3 demorou muito mais para chegar à Lua do que as missões Apollo dos EUA nas décadas de 1960 e 1970, que chegaram à Lua em poucos dias.
Muito orgulhoso
A Índia utiliza foguetes menos potentes do que os usados pelos Estados Unidos na época, por isso a sonda precisou orbitar a Terra várias vezes para ganhar velocidade antes de seguir para a Lua.
O país tem um programa aeroespacial de baixo custo em comparação com outras potências, mas cresceu notavelmente desde que enviou a sua primeira nave espacial para orbitar a Lua em 2008. O orçamento para esta missão é o equivalente a R$ 365 milhões, prova da engenharia espacial mais barata da Índia.
Os especialistas dizem que os custos baixos são obtidos copiando e adaptando a tecnologia espacial existente e aproveitando a abundância de engenheiros altamente qualificados que cobram muito menos do que os profissionais estrangeiros.
Chandrayaan-3 chamou a atenção do público desde o seu lançamento diante de milhares de telespectadores. Políticos celebraram rituais hindus para desejar o sucesso da missão e estudantes acompanharam os momentos finais do pouso na Lua em suas salas de aula por meio de transmissões ao vivo.
— Estou muito orgulhoso. A Índia fez o seu nome brilhar — disse à AFP Bhagwan Singh, um comerciante na capital Nova Delhi — É um momento muito feliz para nós — acrescentou.
O primeiro-ministro Narendra Modi disse na quarta-feira que o sucesso da missão "pertence a toda a humanidade".
* AFP