O telescópio espacial James Webb, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), encontrou, recentemente, vapor de água no exoplaneta GJ 486 b, que orbita uma estrela anã vermelha que está a 26 anos-luz de distância da Terra, na direção da constelação de Virgem. Essa é a primeira vez que os astrônomos descobrem água em um planeta fora do Sistema Solar que seja rochoso. Até então, o fenômeno tinha sido observado somente em exoplanetas gasosos. Com informações do site da Nasa.
Os pesquisadores ressaltaram que apesar de terem encontrado vapor de água no GJ 486 b, isso não quer dizer necessariamente que esse corpo celeste tenha produzido o vapor. Os astrônomos acreditam que ele possa ter vindo da anã vermelha.
Segundo a equipe, anãs vermelhas como essa que orbitam o exoplaneta são mais frias do que outros tipos de estrelas, mas quando são jovens emitem radiação ultravioleta e raio-x, o que pode causar a destruição das atmosferas de planetas próximos e levar à concentração de vapor de água em manchas solares.
De acordo com os pesquisadores, quando ocorre esse fenômeno, a anã vermelha consegue capturar alguns elementos do corpo celeste destruído e gerar uma "imitação" da atmosfera planetária dele.
Hipóteses sobre a origem do vapor de água
A temperatura do GJ 486 b chega a 430º C, o que dificulta a existência de água líquida, mas não impossibilita vapor de água. Se o que foi encontrado realmente pertencer a ele, isso seria o indício de que esse exoplaneta tem uma atmosfera própria que abriga o líquido apesar do intenso calor em seu interior.
Se realmente o exoplaneta tiver uma atmosfera, quando ele cruzar na frente da estrela que orbita, a luz da anã vermelha se infiltraria através desses gases. Para visualizar isso, os pesquisadores irão utilizar uma técnica chamada espectroscopia de transmissão, que permite a decodificação da composição da luz, o que indicará, por meio dos comprimentos de onda, os elementos presentes.
No caso da água encontrada ser realmente do GJ 486 b, isso representaria um avanço nos estudos de exoplanetas.
Outra explicação é de que o vapor tenha sido produzido pela anã vermelha e se formado porque ela é muito mais fria do que o Sol, o que pode ter gerado uma concentração ainda maior do líquido nas manchas solares. Com isso, o vapor criaria uma espécie de atmosfera planetária própria.
Um fator que pode ter colaborado com a segunda hipótese é de que a maior parte dos exoplanetas rochosos como o GJ 486 b orbitam anãs vermelhas, que são muito frias. Mesmo com isso, quando esses corpos celestes ficam muito próximos entre si, o planeta consegue se manter quente o suficiente para hospedar o vapor de água.
Diante dessa descoberta, os astrônomos realizarão novos estudos e observações para buscar compreender a origem do que foi encontrado e para tentar entender se um planeta rochoso poderia criar ou manter uma atmosfera em um ambiente tão hostil.
Registros obtidos pelo telescópio
A equipe que monitora o James Webb conseguiu capturar imagens do vapor de água no planeta com o uso do instrumento Near-Infrared Spectrograph (NIRSpec), que consegue obter registros em infravermelho — comprimento de onda invisível ao olho humano.
Os astrônomos obtiveram as imagens enquanto o exoplaneta orbitava ao redor da anã vermelha. Para isso, foram realizadas duas observações de uma hora cada.
O GJ 486 b é cerca de 30% maior do que a Terra e tem o triplo da massa do nosso planeta. Além disso, esse corpo celeste completa uma órbita ao redor de sua estrela anã vermelha em pouco menos de 1,5 dia terrestre.