O James Webb, telescópio espacial mais moderno da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), registrou recentemente uma imagem inédita da superestrela Cassiopeia A (Cas A). A fotografia foi compartilhada nas redes sociais da Nasa e da Agência Espacial Europeia (ESA) na última sexta-feira (7).
A superestrela Cassiopeia A, que está a 11 mil anos-luz de distância da Terra, é resultante de um explosão de uma estrela, ocorrida há 340 anos. Segundo os astrônomos, essa seria a explosão mais recente de uma estrela da nossa galáxia, a Via Láctea.
As imagens trazem em detalhes os remanescentes da explosão que gerou Cas A. O nível de detalhamento e a qualidade dos registros se devem a tecnologia de infravermelho médio presente no telescópio. De acordo com Danny Milisavljevic, investigador principal do programa Webb e pesquisador da Purdue University, nos Estados Unidos, essas fotografias serão úteis para realizar estudos sobre o fenômeno da explosão estelar, que resulta na formação de supernovas.
— Cas A representa nossa melhor oportunidade de observar o campo de detritos de uma estrela que explodiu e fazer uma espécie de autópsia estelar para entender que tipo de estrela estava lá antes e como essa estrela explodiu — declarou Milisavljevic aos veículos locais.
Essa não é a primeira vez que pesquisadores conseguem fazer registros da Cassiopeia A. No entanto, até então nenhuma tecnologia havia conseguido registrar com tantos detalhes e em tão boa qualidade o corpo celeste. "Em comparação com as imagens infravermelhas anteriores, vemos detalhes incríveis que não conseguimos acessar antes", explicou Tea Temim, co-investigadora do programa e pesquisadora da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, à imprensa.
Estudos sobre a Cas A também não são recentes. Diversos observatórios terrestres e espaciais já estavam realizando pesquisas sobre esse corpo celeste. De acordo com os astrônomos da Nasa, essa supernova pode ajudar a esclarecer a origem da poeira cósmica. A partir de observações anteriores já foi constatado que mesmo em galáxias muito jovens há enorme quantidade de poeira cósmica e um dos caminhos para estudar isso é a partir das supernovas, que expelem grande quantidade desse material.
As imagens obtidas
O James Webb é capaz de captar imagens em infravermelho, invisíveis ao olho humano. Apesar das fotografias obtidas não serem coloridas, os comprimentos de onda registrados são traduzidos em comprimentos de onda de luz visível, a partir de um processo de edição realizado por programas de computador.
Com esse processo de coloração, os cientistas podem também ressaltar corpos celestes e pontos de interesse na imagem.
Na fotografia divulgada pela Nasa e pela ESA, é possível visualizar na parte de cima e a à esquerda um material laranja e vermelho resultante da emissão de poeira quente. Essa região indica o local em que o material ejetado pela estrela que explodiu está colidindo com o gás e a poeira cósmica que a rodeiam.
Também é possível perceber, no interior da imagem, filamentos rosas e brilhantes. Eles representam o material que constitui a própria estrela. O brilho se deve a luz resultante de uma mistura de elementos químicos pesados, como argônio, neon e oxigênio, cujas massas atômicas são respectivamente, 40,20 e 16 unidades atômicas, além da própria emissão de poeira cósmica.
O registro também mostra a grandiosidade de Cas A, que fica na constelação de Cassiopeia e se estende por cerca de 10 anos-luz de distância. Supernovas com essa também são as responsáveis por espalhar importantes elementos químicos necessários à vida, como o cálcio, que está presente no nossos sangue e ossos.