Um dos principais pontos turísticos de Porto Alegre e aberto na sede atual há quase 25 anos, o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS mira uma nova fase, mais interativa, tecnológica e com foco na imersão para visitantes. No horizonte próximo, está a exposição “Extinção”, que irá trabalhar a relação entre animais extintos há milhares de anos e espécies da atual fauna brasileira que estão ameaçadas. O projeto deve ocupar o térreo da instituição e será inaugurado por fases a partir do fim deste ano.
Hoje, o museu busca investidores na iniciativa privada para garantir maior capacidade de investimento e renovar o encantamento do público jovem pelo espaço com atrações que sejam mais imersivas – ou seja, apostar em túneis, simuladores e projeções que tornem "vivos", por exemplo, as espécies extintas ou animais catalogados pelo acervo da universidade.
Parte da ideia é aproveitar o catálogo de mais de 3,5 milhões de bens culturais que estão à disposição do museu, como fósseis, segundo a direção. Um dos planos é expor uma réplica da ossada de um dos primeiros herbívoros do planeta, um dicinodonte, cujo original foi encontrado no Rio Grande do Sul e o crânio está preservado na coleção do museu. A espécie lembra um rinoceronte gigante e viveu há 270 milhões de anos, antes mesmo dos dinossauros, na era geológica da Pangeia, em que os continentes do planeta estavam reunidos em um único bloco.
— Haverá mais telas, tecnologias e técnicas de imersão sem abandonar nosso propósito básico de preservar nossos acervos e popularizar a ciência de uma forma instigante. Entendemos que, neste momento de, às vezes, teorias estapafúrdias, como a de que a Terra é plana e coisas assim, aqui há experiências que provam o contrário e dá para aprender sobre elas se divertindo — diz o administrador Marcus Klein, diretor-executivo do Museu da PUCRS, que se inspira nos museus de história natural de Nova York, Washington e Londres como modelos.
Na avaliação do diretor-executivo, por conta do acervo científico da PUCRS, a instituição terá um diferencial diante de outros museus tecnológicos, como o do Amanhã, sediado no Rio de Janeiro. Com isso, entre os planos para viabilizar projetos com foco no público jovem para uma transição mais tecnológica da instituição, está uma maior abertura para parcerias com empresas, já que os rendimentos com bilheteria são incapazes de custear uma nova fase para o museu.
— O museu sempre dependeu muito de bilheteria e teve esse déficit, mas agora, com esse ponto de virada de uma sociedade mais tecnológica, não conseguiremos só cobrando entrada dar esse salto. Com essa mudança no modo que as pessoas aprendem e interagem, chegamos em um momento que não tem como voltar atrás ou parar no tempo, senão o museu deixa de ser atrativo aos poucos — diz Klein.
Os novos parceiros poderão investir no museu por meio de leis de incentivo à cultura ou patrocinar exposições com foco em temas ligados aos valores do museu, como sustentabilidade e inovação. Estão previstos também uma loja de souvenirs e um novo restaurante.
— A comunicação é uma forma nobre de construir pontes e o museu é essa ferramenta porque comunica. E se der para usar isso para aproximar e gerar valor, todos ganham. Não se trata de tornar o museu um shopping e só comprar um espaço lá. Ele tem curadoria e propósito, com respeito a um legado e uma tradição — diz o jornalista Tulio Milman, que assumiu na noite desta terça-feira (21) como presidente da Associação Amigos do Museu da PUCRS.
A entidade, que existe desde 2019, será a responsável pela captação do dinheiro que será revertido em projetos do museu, além de auxiliar a instituição na busca por parceiros, segundo Milman.
Universo interativo
Um dos projetos que o museu pretende viabilizar com os novos parceiros via Lei Rouanet é a exposição “Céu e Universo”, que deve ocupar o terceiro andar do museu, onde hoje há uma exposição sobre física. Não há previsão para sua abertura, já que ela depende de financiamento. Hoje, o museu já negocia com grandes empresas interessadas nesses projetos.
Uma das principais atrações atuais do museu, um giroscópio que simula a gravidade zero experienciada por astronautas, deve ser multiplicado: serão quatro no total, projeta Klein. A ideia é que o equipamento seja cercado por uma espécie de planetário para que o visitante possa ter a sensação de estar flutuando no espaço. Estão previstos também simuladores de voo, decolagem e do ambiente da Lua.
— Com esses projetos, queremos ser um dos três maiores museus do Brasil. A ideia é que o museu seja uma referência ao turista que vem ao Rio Grande do Sul, que ele pense: vou visitar Gramado e Bento Gonçalves, mas também vou ficar em Porto Alegre porque o museu é imperdível — diz Klein.
O diretor-executivo sinaliza que essas mudanças irão ser feitas em fases para evitar que o museu fique fechado, já que ele ainda conta um trânsito forte de visitantes, principalmente estudantes. Como os jovens e adolescentes costumam gostar de dinossauros e do espaço sideral, essas primeiras exposições irão focar em paleontologia e astronomia para atraí-los.
Como visitar
Em 2022, o museu recebeu mais de 240 mil visitantes, sendo que 22 mil tiveram entrada gratuita. No ano passado, mais de 2 mil escolas levaram cerca de 100 mil estudantes à instituição, que está localizada na Avenida Ipiranga, 6.681, em Porto Alegre.
Atualmente, o valor do ingresso é R$ 46, com opção de meia-entrada. Há também um pacote para a família que custa R$ 100. O museu abre de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 18h.
O Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS teve sua origem em 1967, criado na época sob o nome de Museu de Ciências e ocupava diversas salas com uma área expositiva total de 200 metros quadrados. O espaço passou por reformulações a partir de 1993 com a construção do atual prédio, que teve a sua inauguração oficial em 1998. Hoje o museu conta com uma área expositiva de cerca de 8 mil metros quadrados.