Um grupo de pesquisadores internacionais concluiu que a extinção dos dinossauros aconteceu durante a primavera do hemisfério norte. A descoberta foi publicada em um artigo científico da revista Nature.
Para descobrir a estação, os cientistas precisaram examinar ossos de peixes que morreram a cerca de 60 minutos antes do impacto do asteroide com a Terra. Os fósseis foram submetidos a varreduras de raio X de luz síncroton de alta resolução e a estudos sobre os isótopos de carbonos presentes. O síncroton é uma radiação eletromagnética extremamente brilhante, composta por diversos tipos de luz, desde o infravermelho, passando pela luz visível e pela radiação ultravioleta, até chegar aos raios X .
Os cientistas encontraram os peixes fossilizados em Tanis, na Dakota do norte, nos Estados Unidos. Os animais teriam morrido após o impacto do asteroide Chicxulub, que levou os dinossauros à extinção. Segundo os pesquisadores, a colisão teria abalado a placa continental e causou enormes ondas fracionárias em corpos de água. Com isso, houve a mobilização de enormes volumes de sedimentos que sufocaram os animais marinhos e os enterraram vivos.
Os fósseis foram armazenados em um depósito em Tanis. A partir dos estudos com o material, os pesquisadores perceberam que os ossos não apresentavam sinais de alteração geoquímica. Depois, com o uso de raios x de luz síncroton, houve a confirmação de que partes minúsculas do asteroide ainda estavam presentes nas brânquias dos peixes.
De acordo com os autores da pesquisa, a primavera do período em que os dinossauros foram extintos marca a última sazonalidade do período Cretáceo — de 145 a 65 milhões de anos. Além disso, de acordo com Sophie Sanchez, professora da Universidade de Uppsala, na Suécia, os ossos encontrados registraram crescimento sazonal muito parecido com as árvores, o que confirma que a Terra estava passando pela primavera.
Outras evidências foram obtidas a partir do estudo das formas e dos tamanhos das células ósseas dos animais marinhos, que são variáveis de acordo com as estações do ano. O pesquisador Dennis Voeten da Universidade de Uppsala esclareceu que a densidade e o volume das células ósseas podem ser rastreados ao longo de vários anos.
A técnica de análise por isótopos de carbono estáveis também foi utilizada. O recurso permite compreender padrões de alimentação anual dos animais. Após a aplicação em um peixe-remo, os cientistas perceberam que presença de zooplâncton — presa preferida deste tipo de anima — oscilou de forma sazonal e atingiu o pico exatamente no período entre a primavera e o verão.
Quando o peixe ingere uma grande quantidade de zooplâncton, o esqueleto fica com maior concentração de isótopos de carbono 13 do que de carbono 12. Para Melanie Durante, principal autora da pesquisa e professora da Universidade de Uppsala, essa evidência confirma que o período de ingestão de zooplâncton ainda não havia chegado ao clímax, o que significa que a morte do peixe foi na primavera.
A extinção
A extinção em massa do final do período Cretáceo foi uma das mais seletivas da história da vida, justamente pelo fato de ter levado à extinção de um grupo determinado de animais, os dinossauros.
Durante a colisão do asteroide com a Terra, dinossauros terrestres, aéreos (pterossauros), amonitas (espécie extinta de molusco) e a maioria dos répteis marinhos foram extintos. Já os mamíferos, pássaros, crocodilos e tartarugas sobreviveram.
A partir da recente pesquisa, os cientistas também conseguiram deduzir que o asteroide caiu na Terra durante o início dos ciclos de reprodução dos organismos do Cretáceo Superior. Isso poderá mobilizar novos estudos que permitam compreender o porquê as aves, alguns répteis e os primeiros mamíferos sobreviveram.