Um novo processo aberto na Califórnia (Estados Unidos) acusa o Facebook de saber de um erro nas métricas dos vídeos publicitários mais de um ano antes de admiti-lo publicamente a anunciantes e editores. A acusação diz respeito à revelação feita pela gigante das redes sociais em 2016 em que assumia ter exagerado na medição da visualização de vídeos.
Há dois anos, a plataforma de Mark Zuckerberg confessou que superestimava a medição de duração média de visualização dos vídeos publicitários em 60% e 80%. Contudo, mesmo adotando uma política que excluía das suas medições as visualizações inferiores a três segundos, a empresa continuava aumentando a métrica.
— Acontece que o Facebook estaria dizendo que o tempo médio de visualização de um vídeo era um, mas os documentos disseram que a métrica foi inflada em até 900% em alguns casos _ resume o professor André Pase, da Escola de Comunicação, Artes e Design — Famecos da PUCRS.
Além de inflar os números, a denúncia alega que a companhia teria descoberto as irregularidades nesses dados em 2015 e, em seguida, teria encontrado a natureza do erro – porém, a falha só foi tornada pública no ano seguinte. O Facebook nega as acusações e diz que "o processo não tem mérito". Conforme a revista norte-americana Variety, o porta-voz da empresa afirma que "Sugestões que de alguma forma nós tentamos esconder esse problema dos nossos parceiros são falsas. Nós falamos aos nossos clientes sobre o erro quando ele foi descoberto — e atualizamos nossa central de ajuda para explicá-lo".
Essa dissonância de informações tem impacto direto a área de publicidade, explica Pase:
— É uma crise que abala mais o mercado publicitário. Vai mexer em quem pensa em anunciar. O Facebook é movido por este dinheiro.
Esse é apenas mais um dos problemas que a gigante tem enfrentado recentemente. Há uma semana, a empresa anunciou que hackers acessaram dados pessoais de 29 milhões de usuários em uma falha de segurança revelada no fim do mês passado — 21 milhões a menos do que o informado a princípio.
Longe de viver seus melhores dias, há cerca de um mês a companhia também viu os fundadores do Instagram, Kevin Systrom e Mike Krieger, deixarem a empresa. Em abril, o criador do WhatsApp, Jan Koum, também havia anunciado sua saída por estar preocupado como posicionamento da empresa de Zuckerberg em relação aos dados dos usuários.