Uma das vítimas do médium preso em São Gabriel, na Fronteira Oeste, era enteada do suspeito. A jovem, que prefere não se identificar, tem 19 anos atualmente e diz ter sido abusada dos 13 aos 17.
O homem tem 49 anos e está preso preventivamente desde 29 de março, no Presídio Estadual de São Gabriel. Ele é alvo de dois inquéritos que investigam abusos sexuais durante sessões espirituais. Os casos envolvem duas mulheres — uma delas é a então enteada, menor de idade à época dos fatos, por isso, o indiciamento foi por estupro de vulnerável. O Ministério Público diz que deve apresentar denúncia até o fim desta semana.
A jovem relata que o homem se utilizou da posição de padrasto para estabelecer uma relação de domínio sobre ela. Os abusos teriam começado depois de o médium ter convencido a vítima de que ela tinha uma doença no útero, que a impediria de ter filhos e que não poderia ser tratada pela medicina tradicional. Só ele teria condições de curá-la.
— Então eu, uma criança ingênua, sem entender nada sobre sexo, sobre nada até esse momento, acreditei no que ele disse e fui atrás. Foi ali que aconteceu. Logo após essa sessão, em uma sala onde ninguém podia ver as coisas, ele me liberou e eu fui para casa, ao lado. Quando eu cheguei no banheiro, para tomar banho, vi que tinha sangue na minha calcinha. Foi onde eu percebi que talvez eu tivesse perdido a virgindade. Foi aí que me deu um pânico. Um horror — narra a jovem.
Segundo a vítima, o suspeito a ameaçava, dizendo que o espírito que supostamente ele recebia durante as sessões saberia se ela revelasse algo sobre os encontros. A jovem afirma que a coragem para levar a denúncia à polícia veio com a maioridade, aos 18 anos. A mãe dela rompeu o relacionamento com o médium.
O centro espiritual era um local simples e reservado ao lado da casa do suspeito, e o espaço para atendimentos teria uma maca, uma pia e uma cadeira. A comunidade pagaria pelos atendimentos em troca de curas físicas e emocionais.