A segunda fase da operação policial Falso Seguro combateu um esquema de fraude contra seguradoras, afastando dois policiais militares e o proprietário de um depósito de veículos que possuía delegação de serviço público no Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS).
Na quinta-feira (22), foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, além das três ordens de afastamento de funções dos envolvidos.
Conforme o delegado Diogo Ferreira, os três suspeitos e mais uma mulher são acusados de fazerem falsas solicitações de guinchos para as seguradoras entre 2016 e 2018. A quarta investigada é moradora de Soledade e trabalhava em uma empresa do ramo. Tendo acesso a uma lista de segurados, a mulher fingia ser parente das vítimas e pedia que o encaminhamento do seguro fosse para uma empresa de remoção de veículos da cidade de Ciríaco, no Norte do RS.
— Foram feitos quase 60 acionamentos nesse período e as pessoas que tiveram seus nomes usados nunca passaram pela cidade — afirma o delegado.
Uma das empresas investigadas na operação pertencia ao casal de brigadianos afastado da função nesta quinta-feira. Outra firma envolvida no esquema tinha como proprietários os pais de um dos policiais.
Em 2021, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na casa dos suspeitos e conseguiu descobrir mais detalhes da fraude pelos celulares dos investigados, como valores e transações. Gravações fornecidas pelas seguradoras também contribuíram para chegar nos suspeitos. Segundo delegado Ferreira, os policiais militares e o proprietário do depósito ainda praticavam furtos de objetos dos veículos que eram recolhidos pelo depósito credenciado no Detran.
De acordo com a polícia, a Justiça autorizou os afastamentos das funções dos três suspeitos, mas não atendeu ao pedido de prisão efetuado pela investigação. A moradora de Soledade também responde as acusações em liberdade.
A polícia segue investigando para verificar se a quadrilha está envolvida em outros crimes.
O que diz a Brigada Militar
Em contato com GZH, o comandante do 3º Regimento de Polícia Montada (3º RPMon), tenente-coronel Marco Antônio dos Santos Morais, disse que a Brigada Militar cumpriu "de imediato a determinação do afastamento dos dois policiais militares que, entre outros procedimentos, tiveram suas carteiras funcionais recolhidas, perdendo assim as prerrogativas militares, entre estas o porte de arma". Ele ainda acrescentou que os "dois policiais militares encontram-se agora na condição de agregados (não realizam mais as atividades de policiamento ostensivo e tampouco as atividades administrativas). Estão inteiramente à disposição da Justiça para responderem aos processos administrativos e penais que serão submetidos a partir de agora".
Morais ainda enfatizou que "estão sendo assegurados aos dois policiais militares os direitos constitucionais do contraditório e ampla defesa, todos os atos em que os mesmos tiveram que comparecer, desde ontem (quinta-feira), tiveram acompanhamento de advogado por eles contratado".