Um dia após a morte de Bryan Vidal Ferreira, seis anos, baleado em ataque dentro de casa em Imbé, a comunidade escolar enfrenta a ausência do aluno descrito como alegre, participativo e carinhoso. Embora houvesse ingressado na escola havia poucos meses, o menino já tinha conquistado professores e colegas, que se reuniram em roda, nesta terça- feira (9), para fazer orações e homenagens ao garoto, que foi sepultado pela manhã, na presença de familiares e amigos.
Bryan morreu na segunda-feira (8), em um hospital de Porto Alegre. Ele estava em atendimento desde domingo (7), quando foi atingido por tiros na cabeça e em um dos braços dentro de casa, na cidade do Litoral Norte. O alvo da ação que vitimou o menino seria um homem que estava na residência e conseguiu escapar. No ataque, o pai da criança, o sargento aposentado da Brigada Militar (BM) Alexandre de Jesus Ferreira, 50 anos, também foi atingido. Ele foi ferido em um dos braços e segue hospitalizado.
A docente Eleonora Dutra Froes, 44 anos, que foi professora do menino na Escola Municipal Estado de Santa Catarina, em Imbé, lembra das atividades preferidas do garoto: cantar e jogar bola. Bryan cursava o 1º ano do Ensino Fundamental.
— Ele era aquela criança que faz todas as atividades, gostava de tudo. Sentava bem na minha frente, estava sempre na volta, era alegre. Existem crianças que passam mais tempo com a gente, porque são muito assíduas, e ele era. Às vezes, até fazia uma manha, para querer um carinho. A gente cantava muito, ele amava a música da "Dona Aranha". Tinha um brilho no olhar. Lembro de ver esse brilho sempre que ele me via. Para dizer a verdade, a gente está destruído — lamenta a professora.
A diretora Kelly Silveira, 41, lembra que Bryan era apaixonado pelo Inter e aproveitava as aulas de Educação Física, sempre às terças-feiras, para jogar bola com os demais alunos.
— Meu filho era um dos colegas dele, e é gremista. Então, os dois sempre falavam disso. Quase todo dia, um tentava convencer o outro a mudar de time. Ele era muito inteligente, parecia feliz, era visível que era muito bem cuidado. Está sendo muito difícil, foi um ato muito brutal. A equipe, que tinha esse contato mais diário com ele, está bem abalada — diz Kelly.
Na aula desta manhã, as professoras preparam um momento de acolhimento para os colegas do garoto. Os alunos se sentaram em roda e falaram sobre a perda. Depois, decidiram fazer uma oração e também desenharam um cartaz em homenagem a Bryan.
Na segunda-feira, após a morte, a escola emitiu nota de pesar. A Brigada Militar também lamentou a perda, em nota: "A Brigada Militar e a família brigadiana reiteram seus sentimentos aos familiares e amigos da criança e reforça que, desde o ocorrido, tem reunido os recursos humanos e materiais necessários para responder à essa covarde agressão que vitimou um inocente".
A prefeitura de Imbé decretou luto oficial de três dias no município e também emitiu nota. "A morte trágica e precoce do pequeno Brayan nos comove e nos revolta. Confiamos no trabalho da polícia para apuração, localização e responsabilização dos culpados por esta tragédia", diz o texto.
Investigação
O caso é investigado pela Polícia Civil de Imbé. O delegado Antônio Ractz afirmou que detalhes do trabalho não serão divulgados para não prejudicar a apuração. Na segunda-feira (8), Ractz afirmou que a equipe já tem informações sobre o fato e que analisa imagens de câmeras de segurança da ação. O homem que seria alvo dos criminosos deve prestar esclarecimentos.
A Brigada Militar afirma que faz operações na tentativa de identificar e prender os criminosos que mataram a criança.
O ataque ocorreu no final da tarde de domingo (7), em Imbé, no Litoral Norte. Imagens de câmera de segurança flagraram o momento em que três homens armados chegam à casa em um veículo Ka, sendo que dois deles descem do carro e entram na residência já atirando. Havia seis pessoas no local, mas somente Bryan e o pai dele teriam sido feridos. Após o crime, os bandidos fugiram e abandonaram o automóvel em um terreno baldio na cidade. Eles também atearam fogo ao carro.