Depois de realizar a chamada Operação Delta em sete cidades do Rio Grande do Sul nesta terça-feira (14), a Polícia Civil divulgou que pelo menos 40 pessoas foram vítimas de golpes aplicados pelo grupo. A quadrilha gaúcha, que teve oito integrantes presos, lesou dezenas de pessoas de oito Estados em pelo menos R$ 1 milhão. As principais trapaças cometidas pelos investigados são a dos nudes e a dos anúncios online.
Um dos responsáveis pela investigação, que levou cerca de um ano, o delegado regional de Santa Maria, Sandro Meinerz, diz que o número de vítimas pode aumentar porque há, até o momento, apenas resultado parcial da apuração. O valor do prejuízo também deve ser maior do que foi apontado até agora. Segundo o delegado, foi solicitada a quebra de sigilo bancário de várias contas:
— Por enquanto é o que temos e, mesmo antes a apuração total, foi preciso realizar as prisões para evitar que mais pessoas caíssem nestes golpes — diz Meinerz.
A ação realizada nesta terça-feira resultou em oito prisões, de sete homens e de uma mulher, e o cumprimento de 27 mandados de busca. Foram apreendidos documentos, celulares e demais objetos. Todos serão usados como complemento de provas obtidas anteriormente. Meinerz diz que outras pessoas que não foram detidas são investigadas, entre elas, algumas que já estão no sistema prisional.
As ordens judiciais foram cumpridas em Porto Alegre, São Leopoldo, Cachoeirinha, Eldorado do Sul, Santa Cruz do Sul, Pantano Grande e Guaíba.
Golpes
Os oito presos e demais investigados — a polícia ainda apura o número certo de envolvidos no esquema — aplicavam dois tipos de golpes, segundo a polícia. Um deles é a oferta de produtos pela internet, em sites de compra e venda, com preços abaixo do valor de mercado. Ao todo, sete pessoas foram lesadas porque pagaram parte ou todo o preço sem receber as mercadorias.
O outro golpe é o dos nudes. Meinerz diz que são mais de 30 vítimas que perderam a maior parte do prejuízo total de cerca de R$ 1 milhão. O delegado teve a própria identidade usada pelos criminosos para ameaçar pessoas que não queriam pagar valores para que seus nomes não fossem divulgados pelo fato de estarem supostamente mandando imagens íntimas para adolescentes. Segundo ele, a quadrilha gaúcha aplicou golpes no Estado, mas também em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima e Espírito Santo. Os presos não tiveram os nomes divulgados porque a investigação continua.
O golpe dos nudes pode ter pequenas variações entre um grupo e outro, mas via de regra tem a mesma forma de abordagem e atuação. Assim como em outros casos, o golpe aplicado pela quadrilha alvo da operação consistia em procurar vítimas em potencial, geralmente homens casados e com poder aquisitivo. Eles utilizavam mulheres para os primeiros contatos, e elas se passavam por adolescentes na troca de mensagens ou imagens.
Depois disso, alguns se passavam por pais das supostas adolescentes e também por policiais. Para isso, montavam cenários idênticos aos de uma delegacia e usando falsos agentes na hora em que ligavam para as vítimas. Eles ameaçavam abrir inquéritos, realizar prisões ou até repassar as fotos para familiares das vítimas.