A oferta na internet de um carro por preço até 30% menor do que o valor de mercado e a alegação de pressa no negócio, porque o dinheiro seria usado para saldar uma dívida urgente, são motivos de alerta. Essas são algumas das táticas adotadas por vários estelionatários na comercialização online de veículos.
Conforme a polícia, uma quadrilha da região metropolitana de Porto Alegre não agiu diferente, revendendo uma média de oito carros clonados por mês e movimentando pelo menos R$ 500 mil. Além da falsificação de documentos, o grupo adquiriu um mercado como forma de lavar o dinheiro.
Na manhã desta quarta-feira (13), 10 suspeitos de envolvimento com o esquema são alvo de uma operação policial em Alvorada, Viamão e na Capital. É a chamada Operação Automarket, realizada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Canoas.
São cumpridos 12 mandados de busca e um de prisão temporária. De acordo com o delegado Thiago Lacerda, que investiga a quadrilha há um ano e 10 meses, foram identificados 10 suspeitos, mas a Justiça autorizou apenas a prisão do homem apontado como líder dos golpistas, na zona norte da Capital. Houve apreensão de dinheiro e documentos, assim como a prisão do suspeito de ser o líder da quadrilha e de mais um homem por porte de arma.
São 80 policiais participando da ação, que conta com o apoio de um helicóptero.
Vítima em Canoas
Segundo Lacerda, tudo começou em 2020, quando uma vítima em Canoas denunciou a compra de um carro clonado e, logo depois, houve a prisão de uma mulher que tentava autenticar documentos falsos em cartório. A Draco passou a investigar o caso e descobriu que os suspeitos, que foram sendo identificados ao longo da apuração, adquiriram carros roubados na Região Metropolitana e que eram clonados.
A quadrilha comprava de outra, responsável apenas por roubos e adulterações de automóveis. Após isso, os investigados falsificavam documentos e anunciavam os veículos em sites de venda pela internet por preços até 30% abaixo do mercado.
Consta no inquérito policial que os estelionatários movimentaram pelo menos R$ 500 mil ao longo da investigação, mas o delegado acredita que, com as apreensões e a quebra de sigilo bancário realizadas nesta quarta-feira, o valor total supere a casa de R$ 1 milhão.
Em média, eram revendidos por mês na internet oito carros roubados, e já foram identificadas 20 vítimas. Elas são de várias partes do Rio Grande do Sul e também de Santa Catarina.
Os nomes dos suspeitos não foram divulgados porque a investigação continua. Além de tentar localizar mais vítimas, o objetivo é comprovar o valor exato da movimentação financeira da quadrilha. Lacerda destaca que o grupo também lavava dinheiro por meio de um mercado em Canoas.
— O estabelecimento comercial era usado como lavagem de dinheiro, ou seja, foi adquirido com dinheiro dos golpes, e parte do dinheiro do crime também era utilizado para aquisição de produtos — explica o delegado.
Outra meta da polícia será, nos próximos meses, identificar a quadrilha que revendia os carros roubados e clonados para os golpistas que foram alvo da operação desta quarta. Em relação às vítimas destes estelionatários, elas podem acionar a polícia de Canoas pelos telefones: (51) 3425-9056 e (51) 98608-9984, este com WhatsApp. Outra forma é pelo site da Polícia Civil.