Trinta e três dias após o sequestro do pastor Leomar da Rosa Machado, 54 anos, em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, familiares vivem angústia pela falta de respostas sobre o paradeiro da vítima. Machado foi levado do quarto de sua casa por três suspeitos armados no dia 20 de dezembro. Dois dias depois, a casa do pastor foi totalmente destruída por um incêndio.
O delegado Pablo Queiroz Rocha, responsável pelo caso durante as férias do colega Gabriel Borges, afirma que a investigação já identificou cerca de quatro suspeitos de participação no crime e cumpriu mandado de busca. Com base nos indícios colhidos durante o inquérito, a polícia pleiteou junto ao Judiciário medidas cautelares contra os suspeitos, entre elas um pedido de apreensão de um adolescente e outro de prisão preventiva. No entanto, essas medidas cautelares foram indeferidas pela Justiça. Outro pedido de prisão preventiva está em análise, segundo o delegado.
— A polícia busca consolidar novas provas para convencer o Poder Judiciário sobre a culpabilidade dos suspeitos. A polícia entende que já tem provas suficientes, tanto que já pediu a prisão, mas o Poder Judiciário entende de modo diferente, o que é respeitável. Vamos acatar e buscar mais provas — destaca Rocha.
No início da apuração, os investigadores trabalhavam com três possibilidades para a motivação do ocorrido: crime patrimonial, já que os cartões bancários da vítima foram levados; represália do tráfico de drogas; e uma disputa de terras, em função de Leomar ter envolvimento com locações para famílias em loteamentos populares.
O delegado não informa a principal linha de investigação consolidada no momento para não atrapalhar o andamento do inquérito. Rocha se limita a informar que a apuração sobre a motivação do sequestro está avançada.
O delegado afirma que a polícia segue apurando o caso como sequestro, mas não descarta a possibilidade de execução e ocultação de cadáver da vítima, pois não há indícios de extorsão, como pedido de resgate ou outras tentativas de contato com familiares. Sobre o incêndio na residência, Rocha afirma que esse fato pode ter ligação com o sequestro, pois o fogo consumiu diversos itens que poderiam auxiliar na investigação e na busca pelos suspeitos.
Família vive angústia
Na busca por respostas, familiares do pastor se reuniram, na quinta-feira (21), em frente ao fórum de Sapucaia do Sul, pedindo que a Justiça dê celeridade aos pedidos cautelares no âmbito da investigação. Um das irmãs de Machado, a vendedora Solange Machado, 57 anos, afirma que a família vive a angústia de não saber o que aconteceu com o pastor e os motivos que levaram ao sequestro.
— A gente mudou toda nossa rotina. É uma rotina onde tu amanhece, anoitece, esperando, criando uma expectativa de que tu vai encontrar alguma coisa ou chegar uma notícia e não passa. Tu já não dorme. A angústia, a tristeza, a dor, sem ter notícia, sem saber a motivação, o que aconteceu ou o que pode estar acontecendo. É muito triste não ter notícias e as respostas — desabafa Solange.
A vendedora afirma que não tem relatos de inimizades do irmão e que ele era uma pessoa querida na região, conhecida por ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade.
Procurado por GZH, a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) informou que os “pedidos cautelares sobre o caso levados à 2º Vara Criminal da comarca estão sob segredo de justiça, razão pela qual a magistrada responsável não irá se manifestar, nem é possível fornecer informações”.