As pistolas da empresa austríaca Glock foram aprovadas no segundo teste feito no Centro de Material Bélico da Brigada Militar, em Porto Alegre. Após ter a qualidade e segurança verificados, a marca foi considerada vencedora do pregão de compra de 4.501 unidades do armamento.
A concorrência está em fase de recurso e, se não houver pedido de revisão das demais empresas participantes, a Central de Licitações (Celic) do Estado prevê que a homologação da Glock deve ocorrer na próxima semana. Caso haja liberação de recursos financeiros, a BM estima comprar 2 mil pistolas de forma imediata para substituir armas antigas em quartéis do Estado.
— Como já estamos no final do exercício financeiro de 2020, é possível que a compra fique para o início do ano que vem — adianta o diretor Departamento de Logística e Patrimônio da BM, tenente-coronel Cesar Adriano Patrício.
O edital prevê a compra de 4.501 unidades mas isso não significa que a BM irá adquirir toda essa quantidade de armamentos. O pregão por registro de preço garante à BM que, no período de um ano a partir da data de homologação do valor no Diário Oficial do Estado, a corporação poderá comprar o armamento pelo valor vencedor da concorrência, de R$ 1.887,62 por arma.
A Glock passou por uma nova avaliação devido a problemas que ocorreram no primeiro teste, em 13 de outubro, quando uma gravação revelou um procedimento fora do comum: a arma foi desmontada e com isso teve seus mecanismos de segurança desabilitados. Após disparos, a comissão de avaliação concluiu que o equipamento não seria seguro, o que o desclassificaria. O vídeo foi compartilhado em grupos de WhatsApp, gerou deboche nas redes sociais e reação na cúpula da Brigada Militar.
Toda comissão foi substituída e o responsável pelo Centro de Material Bélico foi afastado do cargo. Um inquérito policial militar (IPM) foi aberto para investigar porque o teste não seguiu os protocolos previstos no edital e identificar quem gravou e divulgou o vídeo. Um tenente-coronel, especialista em armamentos, é o responsável pelo IPM.
— Estamos fazendo inquirições, coletando informações e tentando entender o que aconteceu, porque o teste foi feito daquela forma que fugiu totalmente dos padrões. Escolhemos um tenente-coronel com boa base teórica e conhecimento para ser responsável identificar o que acontecer e qual foi intenção — afirma o subcomandante-geral da BM, coronel Vanius Cesar Santarosa.
A nova avaliação ocorreu nos dias 26, 27 e 28 de outubro. Um novo grupo, com cinco oficiais com curso de tiro e mais cinco armeiros da BM, capitaneou o teste. Acompanhadas por um representante da Glock, três armas foram testadas e cada uma delas deu 5 mil disparos.
— Seguimos exatamente o que diz o anexo A do edital. A arma passou em todos os quesitos e tudo foi filmado pela BM. Foram aprovadas, atendem todas as exigências do edital. Agora, a Celic tem prazo de recurso das empresas participantes. Se tiver recurso, faremos uma avaliação dele. Se não, é homologada a licitação — explica o tenente-coronel Cesar Adriano Patrício.
Tanto a Springfield quanto a Beretta, as outras duas empresas que estão na concorrência, podem questionar os testes.
O pregão para a compra das pistolas .40 foi aberto no primeiro semestre de 2019 e teve três empresas interessadas. Em um primeiro momento, a Springfield ofereceu o menor valor por unidade e, portanto, ficou em primeiro lugar, mas acabou por ser inabilitada pois sua pistola tinha uma trava de segurança externa que não atendia à previsão do edital.
A Springfield entrou com ação contestando e a Justiça entendeu que o Estado estava tomando as providências corretas ao seguir o que diz o edital. Assim, a a austríaca Glock, por ser a segunda colocada, com a oferta de R$ 1.887,62 por unidade, foi chamada.