A despedida de Dorildes Laurindo, de 56 anos, está prevista para este domingo (7) em Cachoeirinha, na Região Metropolitana. Era o município onde a costureira, natural de Santa Catarina, vivia há quase três décadas. Dora, como era conhecida, morreu após ser baleada pela Brigada Militar em Gravataí. O caso aconteceu na madrugada de 17 de maio, e ela permaneceu hospitalizada desde então, mas não resistiu. A mulher e o turista angolano Gilberto Andrade de Casta Almeida, 26 anos, estavam na carona de um condutor, que fugiu de uma abordagem policial.
A cerimônia de despedida será realizada no Crematório e Cemitério Memorial da Colina a partir 9h e deve se estender até as 14h, quando será realizado o sepultamento. Devido aos disparos, Dora ficou gravemente ferida e foi encaminhada para o Hospital Dom João Becker, em Gravataí, onde precisou ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na última terça-feira, foi constatada a morte cerebral da costureira.
Natural de Criciúma, em Santa Catarina, ela se mudou com a mãe e os dois irmãos para Porto Alegre. Há quase três décadas vivia em Cachoeirinha. Durante o período da pandemia, a costureira vinha se dedicando à confecção de máscaras em casa. Ela costumava sair pouco, mas, após conhecer o angolano pelas redes sociais, decidiu ir com ele ao Litoral para lhe apresentar a praia. Para o passeio, acertaram a viagem por meio de um aplicativo de caronas. No retorno, no entanto, em uma viagem particular com o mesmo motorista, acabaram se envolvendo numa perseguição policial.
Luiz Carlos Pail Junior, que estava foragido da Justiça e usou nome falso para se comunicar com o casal, furou um sinal vermelho. Ele tentou escapar da polícia, e já em Gravataí os dois passageiros acabaram sendo baleados. O angolano foi preso como suspeito e chegou a ir para a cadeia, mas foi liberado dias depois. Luiz Carlos fugiu correndo, mas foi capturado logo depois.
Na quarta-feira, o Ministério Público informou que, até o momento, não há provas materiais de que policiais militares foram recebidos a tiros na ocorrência, como eles relataram ter acontecido. GaúchaZH revelou em reportagem que um dos três agentes envolvidos na abordagem já havia sido condenado por agressões e respondia a outros dois processos na Justiça Militar.
Contraponto
Os três policiais militares envolvidos no caso estão afastados, e a conduta deles é apurada. O Comando-Geral da Brigada Militar determinou que a investigação sobre a abordagem que resultou na morte da costureira e nos ferimentos ao turista angolano seja realizada pela Corregedoria-Geral, em Porto Alegre.
Em nota enviada à imprensa, o comando da corporação disse que o objetivo é "garantir a maior isenção possível na apuração". Também informou que, "após a conclusão do IPM, a Brigada Militar irá comunicar as circunstâncias da ação policial e quais os seus desdobramentos".
Em nota, a BlaBlaCar disse que a viagem de retorno não foi realizada pelo aplicativo, mas confirmou que a de ida foi acertada pela plataforma. A empresa disse que "lamenta profundamente o ocorrido e reforça o compromisso com a criação de um ambiente de viagem seguro e confiável para os mais de 5 milhões de usuários da plataforma no país".