O casal apontado pela Polícia Civil como mandante da execução do açougueiro Maycon Douglas dos Santos Michel, 27 anos, em São Leopoldo, no Vale do Sinos, apresentou-se na manhã desta terça-feira (20) na 2ª Delegacia de Polícia, em Novo Hamburgo. Delvio Pinheiro Medeiros, 63 anos, e a esposa dele, Dede Noal Medeiros, 55 anos, tinham mandado de prisão preventiva decretada e estavam foragidos há cinco meses. O crime ocorreu em 5 de setembro do ano passado.
Segundo o delegado Ivair Matos, o casal negou qualquer participação no crime durante o depoimento, assim como havia sido antes da expedição da prisão de ambos. Eles ainda apontaram o envolvimento do filho, Cristian Fernando Medeiros, 31 anos.
Cristian está preso preventivamente desde 29 de janeiro. O trio foi indiciado por homicídio duplamente qualificado (mediante pagamento ou promessa de recompensa e à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido) e por crime de associação criminosa.
Delvio e Dede se apresentaram espontaneamente, acompanhados de seu advogado. Da delegacia em Novo Hamburgo, o casal foi levado para São Leopoldo, onde a investigação é conduzida pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O crime
Morto com 12 disparos, o açougueiro foi funcionário do estabelecimento do qual Delvio e Dede eram proprietários. Ele foi executado em frente ao mercado da família dele, no qual trabalhava, por um homem encapuzado, por volta das 8h do dia 5 de setembro do ano passado. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o assassino desembarcou de um veículo Montana e efetuou os disparos.
A motivação para o crime seria uma desavença causada por uma ação trabalhista. Os ex-patrões não assinaram a carteira de Maycon. Em razão disso, ele ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho no dia 21 de agosto do ano passado.
Após serem interrogados, em fevereiro, Delvio e Dede saíram da casa onde moravam, fecharam os minimercados e não foram mais encontrados pelos policiais. A DHPP de São Leopoldo concluiu o inquérito em 25 de fevereiro deste ano.
Segundo a investigação, o casal foi o mandante do assassinato, enquanto Cristian levou o atirador até o local do crime. Delvio e Dede teriam pago R$ 2 mil ao autor dos disparos, que ainda não foi identificado.
Contraponto
Procurado pela reportagem de GaúchaZH, o advogado José Lauri da Silva, que defende Delvio e Dede, afirmou que já tem os "elementos necessários" para provar a inocência do casal e que, após analisar o processo, formalizará pedido para que o filho do casal seja interrogado novamente.
— Eles reconheceram a culpabilidade do filho mas não têm qualquer gerência sobre os atos dele. Eles não tiveram qualquer envolvimento — afirma o advogado.