O Instituto-Médico Legal (IML) de Araruama (RJ) liberou no começo da tarde deste sábado (24) o corpo da turista gaúcha Fabiane Fernandes, 30 anos, assassinada em uma trilha em Arraial do Cabo, na região dos Lagos, no Rio de Janeiro.
O translado do corpo está sendo bancado pela prefeitura de Arraial do Cabo, que prometeu pagar as despesas do transporte até o aeroporto do Galeão, no Rio, o voo até Florianópolis, onde Fabiane morou por mais de duas décadas, e o sepultamento – previsto para ocorrer no cemitério municipal do Rio Vermelho, na capital catarinense, ainda sem data nem horários definidos.
Administradora da pousada da família na Praia dos Ingleses, Fabiane foi encontrada morta na quarta-feira (21), com marcas de agressões na cabeça e na face, com quase todos os ossos do rosto fraturados. Laudo apontou como causa da morte traumatismo craniano.
Pedras com manchas de sangue foram encontradas próximo ao corpo, onde também estava uma bolsa com pertences e o celular de Fabiane, mas sem dinheiro algum. A vítima estava nua.
Material foi coletado no corpo de Fabiane e enviado para análise no IML do Rio. Análise preliminar apontou que a administradora sofreu violência sexual, mas o resultado oficial deve ser conhecido em 30 dias.
Fabiane estava em Arraial do Cabo desde 15 de novembro, onde pretendia curtir o feriadão da Proclamação da República. Ela viajou sozinha para, supostamente, encontrar um amigo de Porto Alegre, que tem negócios na região dos Lagos.
Os dois se conheceram em uma festa, em Florianópolis, havia cerca de 30 dias. Após contatos por redes sociais, teriam marcado um encontro em Arraial do Cabo. O homem chegou a alugar um apartamento para ela, mas não teria ficado no local.
Fabiane foi vista sozinha pela localidade conhecida com Prainha, tomando café na loja de conveniências de um posto de combustíveis, em frente ao prédio onde estava hospedada. Imagem de uma câmera de vigilância mostrou a administradora no local pela última vez na manhã de domingo (18). Logo depois, ela teria saído para percorrer uma trilha.
Por volta das 11h daquele dia, ela postou uma foto do alto de um morro em uma rede social. Fabiana teria cruzado com uma mulher e perguntado sobre a localização de um mirante. Atrás de Fabiane, alguns metros de distância, viria caminhando um homem no mesmo sentido. Não há informações se ele foi identificado pela polícia.
O amigo da administradora que vive em Porto Alegre é quem teria comunicado o sumiço à polícia. Ele contou que recebeu uma mensagem de Fabiane na manhã de domingo, mas só foi ver o recado quatro horas depois. À noite, teria telefonado, mas ela não atendeu a ligação.
O caso intriga familiares e amigos da vítima. A professora de ginástica Bibi Quiroga, de quem Fabiane era aluna em uma academia de Florianópolis, diz desconhecer o homem que a administradora iria encontrar no Rio. Bibi garante que Fabiane era muito responsável, não iria caminhar em uma trilha sozinha, em um lugar distante e desconhecido, calçando chinelos de dedos e carregando uma bolsa.
— Não tem nexo. Tudo isso é muito estranho. Ela era apaixonada por esporte, tinha muita experiência, participava de um grupo de ciclistas, mas jamais pedalava sozinha. Estamos muito chocados. Essa morte precisa ser esclarecida, não pode ficar apenas como estatística — afirma Bibi.
A Polícia Civil de Arraial do Cabo não revela detalhes da investigação sobre a autoria do crime. Um homem que acampava nas imediações da trilha percorrida por Fabiane prestou depoimento e foi liberado. Outra pessoa que estava na mesma barraca, vinda do Maranhão, deixou o local e não foi mais vista. Na sexta-feira, foi lançado um cartaz do disque-denúncia, pedindo informações sobre suspeitos do crime.
Mãe de um menino de nove anos, Fabiane nasceu em Sapucaia do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, mas morava em Florianópolis havia 25 anos.