
Um caso que instaurou clima de medo e mistério em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, teve novo capítulo na manhã desta sexta-feira (24). A Polícia Civil divulgou a identidade do suspeito de ter assassinado a jovem Francine Rocha Ribeiro, 24 anos. O crime ocorreu nas proximidades do Lago Dourado, ponto turístico do município usado para prática de exercícios, na tarde do domingo em que era comemorado o Dia dos Pais (12). Para a investigação, Jair Menezes Rosa, 58 anos, é o responsável pelo crime. O homem foi preso preventivamente na noite de quinta-feira (23) e nega o crime.
A perícia coletou material genético no corpo e nas roupas da jovem, que foi comparado com o do suspeito. O exame indicou que o material é compatível com o do preso. A necropsia apontou ainda que Francine foi morta por asfixia mecânica e espancamento. Ela sofreu hemorragia interna no abdômen.
— É um crime brutal, que chocou a todos na comunidade. Felizmente hoje conseguimos apresentar esse suspeito com provas técnicas. Era um crime difícil, cometido em meio ao matagal. Que bom que chegamos ao nome de alguém. O que produzimos é inequívoco. Para a comunidade que acreditava que existia um monstro do lago, acreditamos que trazemos tranquilidade. Assim como a Francine foi vítima, qualquer outra poderia ter sido — afirma o delegado regional, Luciano Menezes.
Logo no início da investigação, a polícia passou a suspeitar que o autor do crime deveria ser alguém que conhecia a localidade, por conta do difícil acesso. A polícia conseguiu ao longo da investigação identificar dois caçadores que viram um homem em uma trilha próxima ao caminho para o lago. A trilha levava para o ponto onde o corpo foi localizado. As testemunhas relataram que este homem parecia fugir da área. Os policiais conseguiram chegar até Jair, que foi reconhecido como sendo o homem que estava no matagal em horário aproximado ao crime.
Veja trecho da entrevista:
Crime sexual
A delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Santa Cruz do Sul, Lisandra de Castro de Carvalho, confirmou que a jovem foi vítima de violência sexual.
— Foram encontradas mostras de sêmen no corpo da vítima que foram comparadas com o material genético dele, e confirmou-se que é o mesmo perfil genético. Para nós está claro que ele é o autor do estupro e do assassinato. Não descansamos desde o dia da morte — disse.

Jair era morador do bairro Várzea, que fica próximo ao acesso ao lago. Segundo o delegado Menezes, o suspeito saiu de casa naquela tarde do crime após desentendimento em família.
— Ele foi para o quarto, vestiu uma roupa camuflada e saiu. E foi alguém com esse tipo de roupa que foi descrito pelas testemunhas — afirmou o delegado Menezes.
Na quinta-feira (23), a residência de Rosa foi alvo do cumprimento de mandado de busca, que resultou na apreensão de uma mochila, roupas, e um pedaço de tecido semelhante ao encontrado no braço da vítima. Esse material também será encaminhado à perícia. A delegada Lisandra de Castro de Carvalho afirmou que acredita que o suspeito atacou a vítima para violentá-la. A morte teria ocorrido para que ele não fosse reconhecido. Alguns objetos levados da vítima, como o celular, um par de óculos escuros e um casaco ainda não foram localizados.
— Acreditamos, pelo perfil até então conhecido dele, que ele foi para o mato, que ficou no começo da trilha escondido. E, quando percebeu a aproximação da vítima, ela pode ter parado para tirar uma foto, podia estar numa velocidade mais lenta, o que permitiu a abordagem — afirmou a delegada.
A delegada informou que a polícia não descarta a participação de mais de uma pessoa. No caso de localização de outro suspeito, a polícia deverá fazer nova confrontação com materiais genéticos encontrados nas roupas de Francine.
O que disse o suspeito

Jair já foi preso por roubo, mas não tinha antecedentes criminais recentes. Na primeira vez que foi ouvido, na semana passada, negou participação na morte de Francine. Disse que não estava vestindo as roupas camufladas como descrito pelas testemunhas, que não tinha ido às proximidades do lago, que saiu de casa rapidamente e, portanto, não teria como praticar o crime.
Jair foi levado para prestar depoimento novamente nesta sexta-feira. Ele se manteve calado. Depois, foi encaminhado para uma casa prisional cujo nome não foi divulgado por questão de segurança.



