Pelo menos 25 policiais civis cumpriram na manhã desta sexta-feira (20) cinco mandados de busca e apreensão em Canoas e em Sapucaia do Sul contra integrantes de uma quadrilha suspeita de aliciar motoristas de caminhão para roubar cargas na Região Metropolitana. Dois ladrões e um caminhoneiro são investigados pelo roubo de uma carga de café em pó avaliada em R$ 175 mil. Apesar de a polícia confirmar que foi combinado o registro de uma falsa ocorrência de roubo, a Justiça entendeu por não expedir os mandados de prisão temporária. Um dos bandidos fez até uma selfie com a carga roubada.
O roubo forjado da carga ocorreu no início do ano na BR-386 em Nova Santa Rita. O motorista disse que foi abordado por uma quadrilha e que foi obrigado a entregar o caminhão. Foi registrada ocorrência policial e o fato passou a ser investigado pela Delegacia de Roubo de Cargas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
O delegado Alexandre Fleck informa que identificou os ladrões e obteve até imagens de câmeras de segurança. Para a surpresa dele, o motorista e um dos bandidos são flagrados juntos ao caminhão no município de São Leopoldo horas depois do registrarem o falso roubo. Nas imagens, eles saem do veículo com uma mochila e caminham em direção a uma residência. Segundo a polícia, o que a dupla carrega é um aparelho usado por quadrilhas para bloquear o sinal de GPS dos caminhões.
Fleck conseguiu recuperar parte da carga, o equivalente a R$ 70 mil, e a carreta. Além disso, teve acesso a uma selfie feita por um dos bandidos junto com a carga roubada.
A polícia informou que, mesmo sem as prisões decretadas, resolveu cumprir nesta sexta-feira os mandados de busca para localizar documentos e objetos que possam ser anexados ao inquérito. Um dos três suspeitos, que tem vários antecedentes criminais e cumpre pena em prisão domiciliar, não foi localizado em casa. O fato será comunicado à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
O grupo criminoso também segue sendo investigado por aliciar outros motoristas na Região Metropolitana. Segundo Fleck, os bandidos têm adotado esta prática porque o risco diminui, evitando abordagens ou possíveis perseguições, e porque a pena em caso de condenação é menor. Se houver o roubo, a pena é de cinco a 15 anos de prisão. Já pelo furto da carga, que pode incluir o aliciamento, o criminoso pode ficar preso entre dois e oito anos.