O Atlas da Violência, estudo divulgado na segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta Bagé como sendo o município gaúcho mais pacífico (termo utilizado no relatório) de 2015 entre aqueles com população superior a 100 mil habitantes. No país, o estudo colocou a cidade da Fronteira Oeste na 17ª posição. Tanto a Brigada Militar quanto a Polícia Civil comemoram a posição, embora estejam trabalhando para reduzir ainda mais os homicídios nos próximos anos. Em 2015, foram 11 assassinatos conforme dados do Atlas da Violência. No ano seguinte, ao fim de dezembro, a Polícia Civil tinha contabilizado 19 assassinatos, aumento de 72%. Neste ano, já são 7.
– Tivemos um pico de violência no Estado, principalmente em 2016, que afetou também Bagé. Mas todos os autores foram identificados e isso vai ajudar a reduzir o índice nos próximos anos – comentou o delegado de Polícia Civil Regional da 9ª Região e professor do curso de Direito da Universidade da Região da Campanha (Urcamp), Luís Eduardo Sandim Benites.
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O ranking do Atlas da Violência compara as 304 cidades brasileiras que em 2015 tinham mais de 100 mil habitantes. A taxa de homicídios e de mortes violentas com causa indeterminada (MCVI) de Bagé é 9, abaixo, por exemplo, de cidades gaúchas com população semelhante, como Cachoeirinha, na Região Metropolitana, que teve 55 homicídios e taxa 47,6, ou Erechim, no Norte, com 26 assassinatos e taxa 26,4.
Para o comandante da Brigada Militar em Bagé, Sergio Alex Laydner Medina, os bons resultados passam por ações integradas.
– Nosso setor de inteligência é muito atuante. As informações que temos, passamos para a Polícia Civil e agimos juntos no combate à violência – conta.
Para driblar o déficit de efetivo, o policiamento ostensivo é deslocado conforme avanço dos índices de criminalidade de determinadas áreas. Já o delegado Benites aponta três motivos principais para Bagé ter ficado entre as 20 cidades mais pacíficas do Brasil. Um deles, é a integração já citada pelo comandante da Brigada Militar, que o delegado inclui a parceria com a rede de atendimento municipal e estadual a mulheres, crianças, idosos e dependentes químicos.
– Há muitos anos trabalhamos integrados e isso facilita as ações e traz bons frutos.
Os outros dois aspectos são o combate ao tráfico de drogas na região e a alta elucidação de assassinados, que tem se mantido, segundo o delegado, em praticamente 100% desde 2005, o que inibe novas investidas.
– Os autores dos 11 homicídios de 2015 foram responsabilizados e isso vem acontecendo há bastante tempo. No ano passado, houve um pico de criminalidade que elevou para 19 homicídios, mas todos também foram solucionados – comentou o delegado.
A professora do departamento de Sociologia da UFRGS e integrante do grupo de pesquisa Violência e Cidadania, Letícia Maria Schabbach, destaca que os homicídios em cidades distantes da Região Metropolitana são motivados, em sua maioria, por conflitos nas relações pessoais.
– Esse tipo de violência não aumentou significativamente, embora esteja bastante presente. São casos de briga entre vizinhos, de violência domésticas – avalia.
Além disso, na sua avaliação, algumas cidades do interior, como Bagé, ainda não sofrem com ondas de assassinatos por conta da disputa de território entre facções ligadas ao tráfico de drogas.