Ainda que facções rivais tenham causado oito mortes no intervalo de 26 horas em Porto Alegre no fim de semana, isso não é considerado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul motivo para chamar as Forças Armadas, como fez o governo do Rio Grande do Norte no domingo. Desde sexta-feira, Natal e outras 21 cidades nordestinas são assoladas por ataques constantes e violentos – até agora, foram mais de 65 atos de vandalismo como incêndios a ônibus, vegetação e veículos particulares, disparos contra prédios públicos e depredações.
Nem mesmo no ano passado, quando pelo menos 11 ônibus sofreram ataques criminosos na capital gaúcha – seis coletivos foram incendiados no mesmo dia –, o Piratini quis auxílio federal para conter a violência. Isso porque, no entendimento da SSP, o que ocorre atualmente no Rio Grande do Norte não encontra paralelo nas outras unidades da federação.
Entre as diferenças, são citados pelo governo gaúcho o comprometimento do sistema prisional potiguar que, em 2015, após série de rebeliões em unidades prisionais, decretou estado de calamidade pública. A SSP alega que a medida surtiu efeitos positivos, porém, nos primeiros seis meses de 2016, 15 detentos foram encontrados mortos em casas prisionais do Estado nordestino.
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O Piratini contesta, também, a necessidade de utilização das Forças Armadas em episódios como o do fim de semana no Rubem Berta, "uma vez que essa não é a constante da localidade" e "não caracteriza domínio total de território por facções criminosas ou configura total inépcia das forças policiais".
"Temos o entendimento de que o Exército é essencial para a defesa nacional, não como força policial".
A SSP alega que o treinamento de um soldado não é para o policiamento ostensivo e sim para ações de guerra.
"Esses profissionais não conhecem o terreno, não sabem quais são as características dos criminosos locais e a dinâmica da relação entre o crime e as comunidades. No entanto, nossa parceria com o Exército tem aumentado de forma expressiva. Realizamos, rotineiramente, diversas operações conjuntas, típicas da atuação integrada entre Segurança Pública e Forças Armadas ", diz o comunicado.
O governo acredita que a presença das Forças Armadas seria importante em questões pontuais, em ações isoladas, "como em situações de crise extrema no sistema penitenciário".
"Também poderia ser empregado o uso dos efetivos em casos semelhantes aos da greve dos caminhoneiros, em 2015, quando agentes foram acionados para garantir o fluxo de veículos em rodovias federais do RS".