Os olhos de Inês de Souza, 53 anos, encheram-se de lágrimas quando ela abriu a biblioteca da Escola Estadual Verdes Campos, no Bairro Onze de Abril, em Alvorada, na manhã de segunda. O cenário que encontrou foi um duro golpe aos quase dez anos que se dedica como funcionária de serviços gerais no estabelecimento.
Os livros estavam todos espalhados pelo chão alagado. A água vinha do banheiro, que teve a descarga arrebentada. Nas paredes, as pichações mostravam que o estrago tinha autoria e, para maior desespero da funcionária, a comunidade está impotente contra eles.
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- É a primeira vez que eu vejo um estrago dessa maneira contra a escola. Dá uma dor, porque tudo aqui é conseguido com tanta dificuldade. Não consigo entender como podem fazer isso contra a escola que atende à comunidade - lamenta a funcionária.
Os estragos, com a perda de livros, ainda não foram especificados. O certo é que, para a volta dos 1,5 mil alunos, no dia 26 de fevereiro, nenhum investimento em melhoria será possível.
- Infelizmente, já sabemos que todo o recurso de manutenção que temos nesses três primeiros meses vão ter que ser aplicados no conserto do que os vândalos fizeram. O que nos resta é rezar para não acontecer de novo - diz o assistente financeiro da escola, César Valmor de Souza, 51 anos.
Desde que as férias escolares se iniciaram, em dezembro, a escola já contabiliza pelo menos quatro invasões com furtos. Neste último ataque, ocorrido no final de semana, os criminosos arrebentaram todo o sistema de alarmes e de internet. Além de furtarem dois computadores.
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As "assinaturas" dos vândalos ficaram marcadas nos banheiros reformados há menos de dois anos, com todas as paredes pichadas.
- Como fica tudo meio vazio, quando fechamos a escola no final da tarde, eles fazem a farra nos telhados da escola - conta ele.
É a partir dos telhados e das janelas que os invasores entram nas salas. O primeiro, e provavelmente o mais oneroso caso, aconteceu no dia 20 de dezembro. Os vândalos entraram em uma das salas de aula de incendiaram um armário com tudo dentro. O fogo se espalhou para diversas classes, e parte do assoalho. Só neste conserto e nas compras de novos conjuntos de classes, a estimativa é de gastar mais de R$ 5 mil.
Em janeiro, a cozinha usada pela educação infantil também foi furtada e quebrada. Na semana passada, a invasão teve como principal alvo a sala dos programas do Escola Aberta, de onde os materiais foram furtados. Três caixas de som do auditório também sumiram. E, só por vandalismo, até os troféus conquistados pelas crianças também foram quebrados.
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Nem mesmo o cômodo que servia de moradia para o PM residente foi poupado, com as janelas quebradas, pichações e objetos estragados. Desde novembro, a escola não conta mais com esse auxílio. E a ausência foi sentida.
- Assim que perdemos o PM residente, começou esse vandalismo - confirma César.
Na semana passada, a direção da escola fez contatos com a Secretaria Estadual da Educação e teve a garantia de que há tratativas para a chegada de um novo policial para morar ali. É a última esperança diante da falta de soluções para evitar as invasões.
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De acordo com o comandante do 24º BPM, tenente-coronel Rogério Maciel, no período de férias escolares as rondas ao redor desses estabelecimentos diminuem. Segundo ele, é mantido o contato frequente com as direções, mas a prioridade da Patrulha Escolar fica por conta da volta às aulas, para proteger os estudantes.
- Aconselhamos sempre que as escolas tenham seus próprios equipamentos de segurança para evitar os arrombamentos - diz o oficial.
Até o fim de semana, a escola Verdes Campos tinha alarme. Agora, terá um prejuízo de R$ 3 mil para refazê-lo e não ficar, de novo, nas mãos dos criminosos.
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