Tem idade certa para tirar as fraldas do bebê? Como inicio esse processo? O que devo e o que não devo fazer? Essas são algumas dúvidas recorrentes entre os pais durante o período de desfralde dos filhos. Embora cada criança tenha o seu tempo, que deve ser respeitado, o processo de retirada das fraldas pode começar a partir dos dois anos, segundo especialistas. Antes disso, eles não estão prontos para segurar a urina.
—Antigamente, quando as fraldas eram de pano, as pessoas queriam tirar mais cedo porque assava, tinha que quarar. Hoje, sabe-se que antes dos dois anos não tem motivo. Antes do desfralde, a criança precisa desenvolver outras habilidades como ficar de pé, caminhar, se afastar do pai e da mãe. Ela precisa ter capacidade de controle do próprio corpo — explica o pediatra do Hospital Mãe de Deus José Paulo Ferreira.
Leia mais:
Boias de pescoço: saiba como utilizá-las com segurança em bebês
Perguntas e respostas sobre as dúvidas que mais afligem os pais
Mitos e verdades das cólicas em bebês
Segundo o médico, essa etapa acontece de forma natural e, geralmente, divide-se em três fases distintas. No primeiro momento, a criança faz as necessidades nas fraldas e nem percebe. Depois, ela começa a avisar quando fez algo no protetor e, no último estágio, sinaliza que está pronta para retirar completamente a proteção, pois avisa quando quer ir ao banheiro.
Outro ponto que deve ser salientado é que o desfralde é um processo que deve ocorrer em casa, ou seja, não é responsabilidade das escolas.
— Muitos pais querem transferir esse processo para escola, mas é um momento familiar. Claro que eles podem pedir ajuda para a professora, assim a criança mantém o ritmo — diz Mariane Franco, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Com a ajuda dos dois especialistas, reunimos algumas dicas importantes sobre esse período. Veja:
Na hora certa
Não adianta antecipar o desfralde diurno. A idade mais indicada para iniciar o processo é entre dois e três anos. Antes, os pequenos ainda não têm controle sobre os esfíncteres, responsáveis pelo controle da urina.
— Não significa que com dois anos e um mês deva-se começar o desfralde — observa Ferreira.
Ele critica as creches que têm como pré-requisito para mudança de turma o não uso das fraldas:
— Cada criança tem seu tempo. Agora, se com cinco ou seis anos ela ainda não tirou as fraldas, tem algo de errado.
Se de dia o processo pode começar aos dois anos, à noite, ele pode se estender até os quatro anos em função do amadurecimento da produção do hormônio antidiurético.
— Quando a criança consegue controlar o xixi e o cocô de dia, começamos com as técnicas para não fazer xixi à noite. É importante conversar com o pequeno sobre o desfralde e evitar dar muita água depois das 18h — ensina Mariane.
Ao começar a retirada, o ideal é que os pais estejam mais disponíveis para acompanhar os pequenos. Preferencialmente, deve-se optar por fazê-lo em um período de férias ou fim de semana prolongado. A época do ano também é relevante: no verão, é mais fácil de iniciar o processo em função da menor quantidade de roupas.
Comunicação e confiança
Mariane lembra que esse é um processo que requer bastante confiança dos pequenos. Portanto, antes de iniciar os treinos para retirada, os pais devem conversar com a criança e explicar os passos seguintes. Ela orienta os familiares a criarem códigos com o filho para que ele sinalize o momento em que quer ir ao banheiro:
— Ele pode chamar os pais, pegar na mão, piscar ou dar qualquer outro sinal. Vai ser na linguagem mais adequada para os dois. Precisa criar um vínculo de confiança, pois daí o pequeno avisa.
Segundo a médica, outros indicativos que podem ser observados são os olhos cheio de lágrimas, posições que remetem à vontade de ir ao banheiro e até mesmo o ato de se esconder atrás da mobília.
Penico na medida
Penicos coloridos e com personagens lúdicos ajudam e são boas opções para esse período. Na hora de escolher um, é bom prestar atenção no tamanho, que deve ser adequado à altura da criança. Sentada, ela deve ficar com os pés encostados no chão e as pernas em um ângulo de 90 graus. Também dá para usar o redutor de vaso sanitário. Para ajudar a criança, coloque um banquinho ou caixote para que ele suba com segurança e ainda mantenha os pés apoiados, o que facilita na hora de fazer força para evacuar.
— É obrigatório ter o apoio para fazer a prensa abdominal. As pernas não podem ficar no ar — destaca Ferreira.
Assim como os penicos, as calcinhas e cuecas divertidas também dão uma mão na hora de tirar as fraldas.
Não compre a criança
Evite condicionar a criança a ganhar algum bem material em troca do xixi no penico. Os pediatras sugerem que os pais "premiem" os pequenos com carinhos, elogios e demonstrações de afeto cada vez que eles pedirem para ir ao banheiro.
— Não se pode fazer um mecanismo de troca, dar presente cada vez que ele dizer xixi direitinho. Pode-se trocar carinhos: incentivar com beijos e abraços — indica Mariane.
Ferreira completa:
—Ela pode ser elogiada quando acertou, mas também não excesso. Não há necessidade de recompensa porque é uma coisa fisiológica.
Por outro lado, quando a criança não conseguir segurar o xixi ou o cocô, os pais não devem, sob hipótese alguma, xingar ou ter atitudes negativas. O indicado é consolá-la dizendo que está tudo bem, que na próxima ela consegue.
Sem alarde
Para os pequenos, esse é um momento muito íntimo. Portanto, fuja do alarde cada vez que ele avisar que precisa ir ao banheiro.
— É um momento particular da criança. Uns pedem para ir ao banheiro, outros não avisam. Os pais precisam observar como é o filho: é quieto, fala mais? — diz Mariane.
É importante que, depois de estabelecidos os códigos de comunicação entre família e criança, que a escola seja informada.