Perdoar está ligado mais ao perfil da vítima do que a um pedido de desculpas ou ao tempo decorrido desde a ofensa. Pelo menos, isso é o que detectou a psicóloga Vanessa Dordron de Pinho em uma pesquisa feita para seu doutorado, em andamento na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Dedicada ao estudo do papel da empatia no perdão, Vanessa fez entrevistas com pessoas que tinham enfrentado situações de ofensa no cotidiano.
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- A pesquisa mostrou que as pessoas valorizam muito o perdão. O que chamou a atenção é que as variáveis mais importantes para que ele aconteça estão relacionadas às características da vítima, e não da ofensa sofrida. É verdade que ofensas severas são mais difíceis de perdoar e que ofensas únicas são mais fáceis do que aquelas que se repetem. Mas as variáveis decisivas são as que dizem respeito ao esforço da vítima, à busca do diálogo para entender o outro, à empatia, à compaixão. Outro fator é a importância que se dá ao relacionamento com o agressor - observa a psicóloga.
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Vanessa trabalha com clínica e conta que é usual receber pacientes que buscam ajuda porque querem superar mágoas e perdoar. Os casos mais comuns envolvem traição conjugal. Segundo ela, os ressentimentos causam muito sofrimento a esses pacientes . As pessoas ofendidas relatam raiva, ódio, rancor, amargura.
- São esses afetos negativos que fazem mal à saúde, até mesmo ao sistema cardiovascular. Também estão ligados à depressão, à ansiedade, ao transtorno de estresse pós-traumático e à própria qualidade de vida.
O psicólogo Júlio Rique Neto, que pesquisa o tema há mais de duas décadas, está convencido de que o fator mais importante para perdoar é a empatia. Ele fez pesquisas com idosos e descobriu que, diferentemente do que esperava, a capacidade para o perdão não aumenta com a maturidade e a experiência.
- Minha conclusão é que o perdão depende da capacidade de se colocar no lugar do outro. Se isso existe, o perdão ocorre, independentemente da idade.
*Zero Hora