O avô levou o neto de oito anos ao zoológico e, durante um longo tempo, ficaram olhando os animais. Contornando o parque, pararam para observar os elefantes que tinham sido banhados pelo tratador e secavam ao sol. Todos sujeitados por uma corda que os mantinha presos a estacas fincadas na grama.
Depois de um tempo, o netinho, curioso, comentou: "Vô, se o elefante é o animal mais forte que existe, por que ele não se solta e vai passear livremente pelo parque, em vez de aceitar a prisão desta cordinha ridícula?".
O avô contou então que, quando o elefante era recém-nascido, ele tentara fugir mas não conseguira, porque naquele momento a mesma cordinha fora suficiente para detê-lo. Depois, os anos passaram, o elefante cresceu, passou de uma tonelada, mas nunca mais tentou e, conformado com os limites impostos, submeteu-se.
E, então, o avô ensinou: "De nada valerá a força que tenhas se nunca te aventurares a testá-la".
Gosto desta parábola. Acho que ela explica o comportamento de pessoas e povos que nunca mediram o tamanho que têm e morrem como nasceram. Encolhidos. De olho no cordão da calçada.
Inevitável pensar nisso assistindo a um vídeo feito por um amigo espanhol que tem dividido sua vida de cirurgião habilidoso entre a Espanha e a China.
Nada mais assombroso que o desenvolvimento chinês nos últimos 15 anos, quando romperam as amarras tacanhas do comunismo atrofiante e, mesmo com algumas amarras pendentes, lançaram-se ao mundo com a sanha de quem se descobriu fraudado por ideologias capengas e quer deixar um legado aos seus filhos: o progresso, quando bate à porta, não tem cortina de ferro que o detenha.
Os jovens chineses devem ter percebido que não há desenvolvimento patrocinado pelo Estado que, no máximo, consegue gerar igualdade social pela uniformidade no empobrecimento.
Há 20 anos, não se fazia cirurgia de ponte de safena na China, porque os socialistas fanáticos argumentavam que esse procedimento era muito caro e beneficiaria uma minoria de cardiopatas que eram insignificantes na comparação com os milhões de chineses portadores de coronárias perfeitas. E, então, prevalecia a opinião dos burocratas que produziam estatísticas primorosas, mas se poupavam do constrangimento de explicar aos pacientes que eles haviam sido selecionados para a morte como um tributo ao social.
Atualmente, os centros chineses de excelência empregam medicina da mais alta tecnologia, porque a China descobriu que o progresso de um país depende da ambição de seu povo desafiado a crescer pela única forma permanente e sustentável: por meio da produção. Mesmo com um governo míope tentando conter a avalanche desenvolvimentista com medidas ridículas de restrição à informação, não tem como reprimir o impulso de crescimento, especialmente quando há demanda contida de conquistas pessoais.
Qual a explicação para a taxa de crescimento anual do PIB chinês? Bem simples: o elefante deles resolveu dar um passeio no parque. E arrastando a cordinha.