Crianças e adolescentes estão expostos a uma série de riscos em nossa sociedade, em um momento em que valores e paradigmas estão sendo contestados, modificados ou, até mesmo, substituídos. O que parecia uma verdade permanente, durante muitas décadas, dá lugar, hoje, a momentos de dúvidas e dificuldades. Ocorrem muitas mudanças, rápidas, inclusive em relação às estruturas familiares - hoje não podemos mais nos referir à família, no singular, mas às famílias, com suas diferenças e singularidades.
Esses acontecimentos não são fáceis para pais e professores. "Como devemos fazer para educar nossos filhos e alunos?" parece ser uma pergunta comum. Devemos dizer SIM ou NÃO às constantes solicitações e demandas? Devemos ficar quietos e não nos posicionar? Os adultos estão confusos, pois os padrões em que foram educados parecem não dar conta da educação de nossas crianças e adolescentes.
Dizer NÃO quando necessário e colocar limites é fundamental para proteger as crianças e educá-las. Colocar limites não é "vigiar e punir", mas estabelecer um espaço e um tempo onde eles podem "ser" de forma segura para si e para ou outros. O que nos leva a não agir dessa forma? Por que nos sentimos culpados de trabalhar demasiado e estar muito tempo longe deles e buscamos compensar sendo permissivos? Por que não sabemos ao certo como agir? Simplesmente porque nos parece mais fácil a omissão e evitar enfrentamentos, como se tivéssemos medo das crianças e adolescentes.
É compreensível, porque tudo está mudando muito rapidamente. Mas não podemos transformá-los em pequenos e jovens "ditadores". Aliás, cabe lembrar que esses "ditadores domésticos" estarão expostos à violência nas ruas se agirem da mesma forma que em suas casas - o mundo, fora da família, não é nada indulgente.
Sugiro que aprendamos com as crianças. Elas começam a dizer NÃO antes do SIM. Uma criança de 18 meses recusa a bolacha recheada, da qual gosta muito, dizendo NÃO, fazendo que "não" gestualmente com a cabeça ou com o dedo. Podemos pensar que a recusa é para mostrar à mãe que está se tornando um indivíduo, que pensa com sua própria mente e não cede à sedução.
Os adultos não podem se tornar "um espécime" em extinção. Devem exercer a autoridade, e esta se constrói por meio do reconhecimento do outro (criança ou adolescente, filho ou aluno), que percebe que aquele adulto (pais e professores), com suas atitudes, dá um exemplo que merece ser seguido. Devemos dizer NÃO com tranquilidade e segurança - sem medo.